Agência Panafricana de Notícias

África precisa de $ 80 biliões para desenvolver infraestruturas

Addis Abeba- Etiópia (PANA) -- O desenvolvimento das infraestruturas em África requer investimentos de 80 biliões de dólares americanos para fazer face às imensas necessidades, anunciou quarta-feira em Addis Abeba o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping.
Ping, que falava na capital etíope na abertura das jornadas portas abertas dedicadas ao desenvolvimento das infraestruturas em África, disse que o continente se distingue pela insuficiência de infraestruturas e pela fraca qualidade dos serviços correspondentes, referindo que esta situação "entrava e bloqueia a concretização da unidade africana".
Baseando-se em estimativas recentes do Banco Mundial, Ping afirmou que África deverá consagrar cerca de 40 biliões de dólares americanos de investimentos por ano, incluindo 34 biliões para os sectores da energia e dos transportes.
Adiantou que seriam necessários outros 40 biliões de dólares americanos para a manutenção, dos quais 30 biliões para os sectores dos transportes e da energia, sublinhando que estes montantes "ultrapassam largamente a capacidade de financiamento dos países africanos".
Apesar desta dificuldade financeira, Ping destacou que esforços estão a ser desdobrados para desenvolver as infraestruturas e os serviços em África, precisando que "o estudo sobre o Programa de Desenvolvimento das Infraestrutruas em África (PIDA), uma iniciativa destinada a fusionar todos os estudos lançados pela Comissão da UA, pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e pelo Secretariado da Nova Parceria para o Desenvolvimento de África (NEPAD) inscreve-se neste quadro".
A falta de meios explica igualmente, segundo Jean Ping, a decisão dos chefes de Estado e de Governo da UA "de engajar o continente na via da integração política, social e económica para permitir aos Africanos mobilizar os seus próprios recursos financeiros e humanos com vista à realização de projectos de interconexão de transporte e de energia".
Nesta fase de desenvolvimento das infraestruturas, a Comissão da UA tenta igualmente jogar o seu papel.
"A sua ambição é lançar e materializar rapidamente alguns projectos susceptíveis de mudar a face física de África, reforçar a segurança enérgetica, acelerar o processo de integração atravez da criação de infraestruturas adequadas de transporte e acelerar a descolagem industrial do continente", sublina Ping.
Revelou ter proposto três orientações a aplicar simultaneamente para modernizar e desenvolver as infraestruturas.
Trata-se de reforçar a cooperação e a integração, ao optar por uma abordagem regional; mobilizar os recursos públicos consequentes, solicitar o apoio do sector privado e reforçar as capacidades humanas e institucionais, regionais e continentais.
Em redor desta estratégia, três eixos de acção serão desenvolvidos, nomeadamente os grandes trabalhos de infraestruturas de transporte, a África-Hidroelectricidade em 2020 e a arquitectura institucional das infraestruturas.
Para a aplicação deste programa, a Comissão da UA poderá igualmente contar com as Comunidades Económicas Regionais, as instituições especializadas, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), a Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA), bem como os parceiros para o desenvolvimento, assegurou Ping.
A jornada portas abertas foi decidida para sublinhar o significado importante da escolha do lema "Desenvolvimento das Infraestruturas em África" escolhido para a 12ª Cimeira dos Chefes de Estados e de Governo prevista para 1 a 3 de Fevereiro em Addis Abeba.