Agência Panafricana de Notícias

África deve tomar medidas concretas para pôr termo a conflitos, segundo comissário da UA

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - África deve tomar medidas concretas para pôr termo aos vários conflitos que abalam o continente e os países africanos devem fazer mais esforços para responder às esperanças das populações afetadas por estes conflitos, segundo o Comissário para a Paz e Segurança da União Africana (UA).

O embaixador Smail Chergui anunciou que no ano passado a Comissão da UA, em colaboração com os Estados membros e a comunidade internacional, registou progressos na resolução dos conflitos em algumas regiões mas "que este período foi marcado por desenvolvimento muito diversos".

Enquanto Madagáscar organizou com êxito eleições que permitiram a esta nação insular ser readmitida no seio da UA e a Tunísia registou uma tendência encorajante a um regresso à governação democrática, Chergui declarou aos jornalistas em Addis Abeba esta sexta-feira, à margem da Cimeira da UA, que África devia ainda fazer face a "situações de crise maiores na República Centroafricana (RCA) e no Sul do Sudão, que estão extremamente complicadas e têm consequências muito graves".

Relativamente ao Sul do Sul, o comissário declarou quea UA perdeu confiança nos esforços de mediação regional levados a cabo pela Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD).

A IGAD organizou um diálogo entre o Governo sul-sudanês e a oposição que desembocou num acordo de paz e a libertação de sete dos onze reclusos políticos sul-sudaneses esta semana.

Relativamente aos quatro prisioneiros não libertos, Chergui declarou que o Governo de Juba tinha a intenção de os julgar.

"Desejamos que este processo seja acelarado, porque se trata de personalidades importantes. Devemos ter confiança no sistema judicial do Sul do Sudão e o Presidente Salva Kiir tem o poder de encontrar uma solução rápida a esta crise", declarou.

Sobre a crise na RCA, que a Comissão da UA qualificou de "catastrófica", Chergui anunciou que uma Conferência de Doadores Internacionais estava prevista sábado na sede da UA em Addis Abeba, na Etiópia, para mobilizar recursos essenciais para reconstruir este país.

"Os países africanos estão convidados a fazer um esforço e a reunir os fundos necessários para responder às esperanças da população que sofre na RCA", sublinhou, acrescentando que a força de manutenção da paz africana neste país, a MISCA, fez um trabalho notável para proteger a capital, Bangui, e libertar várias outras zonas, incluindo a estrada principal para os Camarões, do controlo dos rebeldes.

Chergui felicitou-se pela intervenção da força francesa na RCA para a proteção do aeroporto de Bangui e a ajuda aos trabalhadores humanitários.

Ele prestou igualmente homenagem aos soldados mortos ao tentar trazer à paz na República Centroafricana.

"O trabalho das tropas da MISCA vai melhorar nas próximas semanas", indicou, exprimindo o seu otimismo sobre o facto de que a força africana iria transformar-se numa força de manutenção da paz onusina.

Atualmente, a UA deve fazer face a cerca de 16 situações de conflito na região sahelo-sariana.

Com o fim da rebelião do Grupo M23 na RD Congo, Chergui preconizou a continuação dos esforços para eliminar todas as forças negativas que continuam a pôr em perigo vidas inocentes e a paz na região dos Grandes Lagos.

Sobre a Somália atormentada pela guerra na África Oriental, o comissário notou que a recém-reforçada Missão da UA na Somália (AMISOM) seria capaz de levar a cabo uma operação para reduzir o impacto das ações terroristas perpetradas pelo grupo rebelde Chebab.

Chergui rejeitou as afirmações segundo as quais a Líbia foi abandonada pela UA enquanto a rebelião continua neste país da África do Norte, revelando que a Cimeira reafirmou a sua disposição de trabalhar com o povo líbio para garantir a estabilidade no país.

"Necessitamos duma Líbia estável que tenha o seu estatuto na região para garantir a paz. Desejamos ver uma Líbia que retome o seu processo de desenvolvimento. A Líbia tem vários investimentos no continente", indicou.

O comissário da UA anunciou que uma reunião internacional estava prevista para 1 de março de 2014 na Itália para encontrar as vias e os meios de ajudar a Líbia a ultrapassar esta crise atual.

-0- PANA AR/SEG/FJG/JSG/IBA/MAR/TON 31jan2014