Agência Panafricana de Notícias

África chamada a fazer de bancos centrais instrumentos de apoio à sua industrialização

Abuja, Nigéria (PANA) – O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (CEA), Carlos Lopes, preconizou uma reforma dos bancos centrais africanos a fim de apoiar a industrialização e a transformação do continente.

Durante a cimeira dos governadores dos bancos centrais africanos realizada quinta-feira em Abuja, a capital federal da Nigéria, à margem da sétima reunião conjunta dos ministros africanos da Economia e Finanças e seus colegas do Planeamento e Desenvolvimento, Carlos declarou que os bancos centrais não deverão somente ocupar-se da atividade financeira urbana oficial mas devem garantir também a existência de tais serviços e da microfinança nos campos.


Isto permitirá, indicou o responsável onusino, reforçar a intermediação financeira e contribuir para atenuar as disparidades entre cidade e os campos no que diz respeito às receitas e ao desenvolvimento.

Tomar o exemplo da China, Lopes demonstra que a gestão das taxas de câmbio pode servir para influir na competitividade dos bens e serviços nos mercados internacionais.

Neste contexto, sublinhou, o controlo da volatilidade das taxas de câmbio, resultante nomeadamente do aumento dos preços dos produtos básicos e dos investimentos de carteira, é um problema importante para os bancos centrais.

O reforço da intermediação financeira com fins da mobilização dos recursos internos é um outro meio, para os bancos centrais, de apoiar o financiamento necessário à industrialização, defendeu Carlos , indicando que, devido à proliferação das instituições financeiras não oficiais, também denominadas « Sistema Bancário Fantasma » em vários países africanos, os bancos deverão encontrar meios de submeter estes sistemas a uma supervisão e a uma regulamentação oficiais, apoiando a sua eficácia e o seu dinamismo.

Segundo o secretário executivo da CEA, os bancos centrais devem garantir uma utilização mais produtiva das reservas de África.
“É perturbador que, contrariamente ao que acontece noutras regiões em desenvolvimento, os depósitos que os países africanos, no seu conjunto, colocam nos bancos declarantes no Banco dos Regulamentos Internacionais (BRI) sejam superiores aos empréstimos que lhes concedem estes bancos”, deploram.

O essencial das receitas das exportações africanas de petróleo e de produtos básicos não passa pelos bancos africanos, mas permanecem nos bancos estrangeiros, que o reciclam cerca de 60 porcento sob a forma de empréstimos aos bancos e aos setores não bancários africanos, revelou.
Interrogando-se como o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode fazer frutificar as reservas a favor de África em vez de as deixar em depósitos financeiros dos países em desenvolvimento, o responsável da CEA sublinhou que os bancos centrais podem desempenhar um papel essencial favorecendo a criação e a perenização de mercados de capitais regionais com medidas de harmonização e de coordenação entre países, e fornecendo instrumentos e organismos regulamentares dotados de recursos suficientes, capazes de promover o crescimento e a integridade das instituições financeiras e lutar contra o branqueamento de dinheiro.

«A rápida adoção de inovações nos serviços financeiros oferece oportunidades excecionais para fazer desempenhar um papel ainda mais importante nas políticas monetárias visando o desenvolvimento industrial inclusivo. A política monetária deve inscrever-se no programa de transformação estrutural de África. Em certas situações, é possível que seja preciso encontrar um compromisso entre a missão de estabilização dos preços dos bancos centrais e o objetivo de acesso aos serviços financeiros e de estimulação da economia com fins de desenvolvimento industrial”, prosseguiu Lopes.

Consagrada ao papel essencial que os bancos centrais africanos devem desempenhar para favorecer a industrialização, a cimeira dos governadores dos bancos centrais africanos foi encerrada quinta-feira à noite.

-0- PANA IT/TBM/SOC/FK/DD 31março2014