Agência Panafricana de Notícias

África acusa negociadores de matar Protocolo de Quioto

Copenhaga- Dinamarca (PANA) -- O grupo africano na Conferência da ONU sobre o Clima em Copenhaga, na Dinamarca, declarou-se preocupado pelo que considera como uma nova tentativa de matar o Protocolo de Quioto e reclamou pela continuação das negociações sobre este documento.
O grupo africano, que possui 53 membros, declarou segunda-feira que era injusto mudar as regras no termo do jogo e que a conferência devia respeitar as regras decididas na assinatura do tratado.
"Neste processo, o Protocolo de Quioto é duma importância capital para nós.
Matar o Protocolo de Quioto equivale a matar África e preferimos morrer do que o aceitar", declarou a imprensa o embaixador da Argélia nas Nações Unidas, Kamel Djemouai.
Explicou que a conferência estava doravante numa situação onde era preciso agir para guardar o Protocolo de Quioto ou vê-lo desaparecer, advertindo ao que abandonar este tratado equivaleria a aceitar a morte do único instrumento juridicamente coercivo que existe e funciona por enquanto.
Os países africanos recusaram-se a prosseguir as negociações até que a prioridade seja dada às discussões sobre um segundo período de engajamento para com o Protocolo de Quioto antes das discussões mais largas sobre uma segunda série de acções concertadas a longo prazo.
"Foram precisos sete anos ao Protocolo de Quioto para entrar em vigor, o próximo tratado poderá levar mais tempo mesmo com uma certa vontade política", declarou Djemouai, ao explicar a posição do grupo africano.
Ele propôs que a conferência utilize mais o plano de acção de Bali, que, segundo ele, iria completar os elementos e as disposições do Protocolo de Quioto mas não o substituir.
Djemouai revelou que o grupo africano organizou consultas segunda- feira e endereçou-se à presidência da conferência para lhe exprimir a sua intenção de não acompanhar uma parte das negociações que não integrará a questão do Protocolo de Quioto.
Apoiando a posição dos países africanos, a organização WWF indicou que a incerteza sobre o futuro do Protocolo de Quioto criava um clima de desconfiança e de ressentimento durante as negociações.
"Estamos convencidos de que a manutenção do Protocolo de Quioto é um elemento necessário de conclusão sobre dois protocolos da Conferência de Copenhaga e apoiamos as reivindicações de África para esse respeito", declarou Kim Carstensen, responsável da Iniciativa Mundial sobre o Clima da WWF.
Reagindo ao pedido de África, o secretário executivo da Convenção Quadro da ONU sobre a Mudança Climática, Ivo de Boer, declarou que a maioria dos outros países desejavam igualmente a manutenção do Protocolo de Quioto e que a presidência convidará terça-feira todos os chefes de delegações e os ministros para discussão.