Agência Panafricana de Notícias

Inserção regional de Cabo Verde depende da penetração no mercado da CEDEAO, diz empresário

Praia, Cabo Verde (PANA) – A inserção regional de Cabo Verde só é positiva se o arquipélago conseguir penetrar no mercado da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), defendeu quinta-feira o empresário e presidente do Conselho Superior das Câmaras de Comércio de Cabo Verde, Jorge Spencer Lima.

Jorge Spencer Lima, que discursava na abertura do seminário nacional de validação do Plano Estratégico de Desenvolvimento do Comércio (PEDC) 2015- 2020, considera que, para conquistar este e outros mercados, Cabo Verde deve sobretudo apostar na produção com qualidade.

Ele advogou também que, no âmbito da integração regional, os produtos da CEDEAO devem entrar em Cabo Verde, mas que também os produzidos localmente "têm que sair do país" sob pena acontecer “a integração por uma só via”.

O empresário, que é também presidente da Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCISS), assinalou também que o setor privado cabo-verdiano quer ser um parceiro do Governo “ativo, real e com voz”, sobretudo nas questões que dizem respeito à classe.

"Não queremos ser mestres de cerimónia. Queremos ser membros ativos dos processos, sobretudo nas questões que nos dizem respeito”, disse Jorge Spencer Lima, sublinhando que, tendo em conta que “o grosso das empresas ativas em Cabo Verde são do ramo comercial, o setor privado quer participar nas questões que lhes dizem respeito, nomeadamente na regulamentação e na atividade".

“Queremos participar sobretudo nos órgãos executivos que definem as políticas para o setor”, precisou.

Jorge Spencer Lima considera que um plano estratégico é sempre uma mais-valia, porque, no seu entender, tenta sempre ordenar e organizar o setor.

No entanto, disse ele, “não vale a pena” fazer grandes planos estratégicos para o comércio sem o devido acompanhamento da indústria.

“Não podemos estar internamente a tratar só do comércio, e apenas a importar e não exportar para reequilibrar as contas”, isto porque, neste momento, com as alterações no sistema devido à graduação de Cabo Verde a país para rendimento médio, “já não temos acesso às ajuda públicas nem a fundos concessionais, portanto são divisas que não vão entrar”.

O empresário adverte que se o arquipélago continua apenas a encorajar a importação, que implica a saída de divisas, “chegaremos a um momento que o sistema vai bloquear”.

Por sua vez, a ministra do Turismo, Investimentos e Desenvolvimento Empresarial, Leonesa Fortes, garantiu que o Governo está a trabalhar na criação de condições para que as empresas cabo-verdianas possam conquistar novos mercados.

Leonesa Fortes lembrou que cabe ao Governo definir políticas e implementar estratégias que permitam às empresas cabo-verdianas conquistar novos mercados, nomeadamente o da CEDEAO, e tirar benefícios dos acordos bilaterais e multilaterais.

No entanto, ela adverte que, para exportar, é preciso que as empresas tenham condições de modernizar, aumentar a produção, organizar de forma a ter economias de escala, apostar na qualidade e na certificação dos seus produtos para deste modo conquistar novos mercados.

Com a implementação do PEDC, o Governo quer aumentar nos próximo cinco anos, a participação do comércio no Produto Interno Bruto (PIB), de 12 para 15 porcento, revelou o diretor-geral do Comércio, Amílcar Aristides Monteiro, sublinhado que, para se alcançar esse desiderato, é preciso melhorar a qualidades das importações.

“Neste momento, Cabo Verde importa muita coisa, mas o setor o privado nacional tem que importar melhor, qualificando-se em fazer contas conjuntas e diversificar as fontes de matéria-prima e de produtos”, anotou.

Amílcar Monteiro explica que, com a elaboração de um plano para as políticas comerciais, que será implementado no horizonte 2015-2020, serão suprimidas as dificuldades sentidas no setor, com a graduação de Cabo Verde a país de rendimento médio.

“Com a saída de Cabo Verde do grupo de países menos avançado e a sua integração na Organização Mundial do Comércio (OMC), sentiu-se a necessidade de se criar valores e desenvolver o setor empresarial e industrial, porque deixamos de ter certos apoios internacionais”, realçou.

-0- PANA CS/IZ 19junho2015