Agência Panafricana de Notícias

Imprensa ruandesa indigna-se contra crise política ivoiriense

Kigali, Ruanda (PANA) – Jornais ruandeses empregaram quarta-feira palavras muito fortes para caraterizar a amplitude da atual crise política que prevalece na Côte d'Ivoire.

"A Côte d'Ivoire não está longe do Ruanda de 1994, a diferença é que a comunidade internacional condenou o golpe de força eleitoral de [Laurent] Gbagbo que envergonha África ao querer mergulhar o seu país num banho de sangue", escreve o «Imvaho Nshya (jornal governamental) editado em Kinyarwanda (dialeto nacional).

"É evidente de que todos os Africanos previam esta crise [na Côte d'Ivoire] e algumas potências ocidentais estariam idetrás deste caos", prossegue o trissemanal ruandês que asusa nomeadamente a França.

Num estilo acutilante, o jornal denuncia a atitude "neo-colonialista" dos observadores eleitorais em África cuja maioria age para os seus " próprios interesses" com intento de criar um caos num país cuja economia é considerada como mais estável em todo o continente.

"É curioso que um país (a Côte d'Ivoire) dotado de todas as virtudes da modernidade possa mergulhar neste caos", indignou-se o jornal que defende uma solução pacífica e democrática na Côte d’Ivoire.

Ao exemplo dos seus colegas, o "igihe.com (jornal eletrónico) considera que "é cada vez mais difícil para a Côte d’Ivoire, com dois Presidentes e dois Governos paralelos, garantir uma partilha do poder.

Referindo-se às declarações do presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), o Ruandês Donald Kaberuka, o jornal sublinha que "sanções iminentes" deveriam ser aplicadas contra nomeadamente políticos que se escondem detrás da crise ivoiriense.

"Uma das razões que levam os dois rivais [Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara] a não ceder o lugar para aceitar uma derrota resulta do fato de que cada campo dispõe de apoios no seio da população e do exército", escreve o jornal eletrónico.

"Se for assim, é patente que a Côte d'Ivoire corre o risco de ser vítima dos seus militares e da sua xenofobia , o que é uma vergonha para África", acrescenta.

-0- PANA TWA/AAS/CJB/DD 08Dez2010