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IATA suspende emissão de bilhetes da Cabo Verde Airlines

Praia, Cabo Verde (PANA) - A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) ordenou a suspensão da venda de bilhetes em nome da Cabo Verde Airlines (CVA), devido a incumprimentos dos compromissos assumidos pela transportadora área cabo-verdiana junto de terceiros, apurou a PANA de fonte autorizada.

A IATA informou os agentes de viagens do BSP (do inglês para Billing and Settlement Plan), em Portugal, seu sistema para a regularização das vendas de voos, de que devem suspender "o uso de quaisquer sistemas automatizados de processamento de reembolsos ou outras transações em nome da Cabo Verde Airlines".

A IATA determinou também que os agentes de viagens devem "parar de usar imediatamente o nome da Cabo Verde Airlines e seu código numérico como companhia aérea emissora de bilhetes".

"É necessário que todas as contas em aberto, incluindo vendas pendentes e reclamações de reembolso também pendentes, assim como quaisquer transações futuras, sejam liquidadas diretamente com a Cabo Verde Airlines", referiu.

Segundo ainda a IATA, os valores totais a ser pagos por agentes de viagens do BSP em datas de remessa futuras não incluirão quaisquer valores devidos ou a ser recebidos pela Cabo Verde Airlines, entre eles quaisquer reembolsos efetiva ou possivelmente pendentes devidos pela Cabo Verde Airlines.

Um post no website da IATA indica que uma companhia aérea pode ser suspensa do BSP, quando "interrompe as suas operações, temporária ou permanentemente, devido a razões financeiras ou outras, ou fica sujeita a falência, moratória da dívida, reorganização ou procedimentos relacionados, ou falha uma obrigação material do BSP".

O BSP é um sistema concebido para facilitar e simplificar os procedimentos de venda, comunicação e envio de informação dos Agentes de Vendas de Passageiros Acreditados da IATA, bem como para melhorar o controlo financeiro e o fluxo de caixa da BSP Airlines.

Existem operações BSP em cerca de 180 países e territórios, sendo que o sistema serve atualmente mais de 370 companhias aéreas participantes com uma taxa de liquidação pontual de 99,999 por cento.

A suspensão do sistema "significa que todas as transações são congeladas e a emissão de bilhetes não é possível por meio de agentes credenciados pela IATA".

A esse propósito, o site preferente.com, que lida com assuntos ligados às agências de viagens e turismo de todo o Mundo, faz saber que tal tipo de medidas da IATA acontece sempre que haja falência da companhia aérea em causa.

O site acrescenta que a CVA está a enfrentar dificuldades financeiras há semanas.

“Inclusive, o ministro cabo-verdiano dos Transportes e Turismo, Carlos Santos, reconheceu, no início do mês, que a empresa poderia fechar por causa dos efeitos económicos e financeiros provocados pela pandemia da covid-19”, escreve o preferente.com, citando fontes na cidade da Praia.

Contactada pela edição online do jornal “Expresso das Ilhas”, a administração da CVA apontou a atual situação resultante de pandemia da covid-19 como a principal causa para a suspensão da transportadora aérea cabo-verdiana.

"A pandemia levou a uma suspensão total das operações da Cabo Verde Airlines, com o total da nossa frota em terra desde 18 de março, quando o governo de Cabo Verde interrompeu todos os voos internacionais.

"Estes são tempos difíceis para a indústria global de transporte aéreo e impedir a propagação do vírus foi e é a principal prioridade", explica a administração da empresa em resposta às questões colocadas pelo Expresso das Ilhas.

Segundo os responsáveis pela empresa, as "companhias aéreas do Mundo, incluindo a Cabo Verde Airlines, estão a sofrer perdas de receitas sem precedentes durante estas circunstâncias excecionais que criaram uma pressão severa nas finanças da companhia aérea.

No entanto, garantiram que estão a trabalhar com a IATA para resolver esta suspensão "o mais rápido possível".

"Estamos a trabalhar arduamente para responder a todos os requisitos e obrigações mandatórios para regularizar todos os processos. Estes desenvolvimentos levam tempo e Cabo Verde Airlines, com o apoio dos seus accionistas, espera resolver esta questão de forma a vender bilhetes em tempo útil antes de retomar as operações no dia 1 de julho", conclui a fonte da empresa.

A companhia aérea resultou da privatização da antiga estatal TACV, em março de 2019, com a venda de 51 por cento do seu capital social a investidores islandeses, liderados pela Icelandair.

Durante o ano de 2019, o Estado avançou ainda com a venda de 10 por cento a trabalhadores e emigrantes, e estava prevista a venda da restante participação a investidores institucionais.

Quanto à participação de 39 por cent que o Estado ainda detém no capital social da CVA, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, declarou, recentemente, que “este não é o momento de o fazer”.

-0- PANA CS/IZ 23abril2020