Agência Panafricana de Notícias

Viúva de Thomas Sankara exige justiça para seu marido

Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) – Mariam Sankara, a viúva do capitão Thomas Sankara, assassinado a 15 de outubro de 1987,  exigiu esta quinta-feira justiça para o seu finado marido, 33 anos após a sua morte num golpe de Estado que instalou Blaise Compaoré no poder.

"A data de 15 de outubro de 1987 desperta sempre recordações dolorosas", escreveu Mariam Sankara numa mensagem, a partir de Montpelier, em França, onde ela vive.

"Percebe-se ainda, 33 anos depois, da pertinência do pensamento do  Presidente Thomas Sankara e das ações realizadas pela Revolução Democrática e Popular”, acrescentou.    

"Desde há alguns dias, a opinião pública interroga-se sobre o estado de avanço deste processo. Eu posso dizer que, neste momento, procedimento judicial está em curso. Muitos suspeitos estão detidos”, garantiu.   

Segundo ainda, Mariam Sankara, foram feitas investigações para a identificação dos corpos e que, após o levantamento do sigilo da defesa pelo Governo francês, foram processadas várias informações.    

“Agora, que a justiça, tão esperada há vários, seja finalmente feita”, desejou.

Várias atividades das quais projeções de filmes e painéis estavam previstas para esta quinta-feira, pelo aniversário do assassinato de Thomas Sankara, num golpe de Estado que instalou no poder o seu irmão de armas, Blaise Compaoré.

O Presidente Roch Marc Christian Kaboré, que deve assistir às atividades comemorativas, recordou quarta-feira à noite numa mensagem que, “neste 15 de outubro de 2020, comemoramos o 33º aniversário da morte de  Thomas Sankara, pai da Revolução burkinabe de agosto de 1983”.

"Esta esperança assassinada em 1987 inscreveu-se numa dinâmica de desenvolvimento endógeno do Burkina Faso e de África, levada pelos Burkinabes e pelos Africanos. Nós temos o dever de continuar esta dinâmica, a favor do nosso povo e das gerações futuras”, acrescentou.

Durante a liderança de Blaise Compaoré, o dossiê não evoluiu. A queixa relativa ao caso de Thomas Sankara e seus companheiras foi introduzida em 1997 sob o regime do Presidente Compaoré e registou uma absolvição.

Mas na sequência da insurreição popular que derrubou este último do poder, em outubro de 2014, a justiça burkinabe fez mover as linhas a começar pela exumação dos corpos e depois testes de DNA.

Blaise Compaoré, acusado neste processo, vive em exílio na Côte d’Ivoire, onde ele obteve a nacionalidade, tornando difícil a sua extradição, apesar dum mandado de captura internacional emitido pelo Burkina Faso contra ele.

Desde março de 2020, um memorial foi construído para homenagear a memória de Thomas Sankara e dos seus companheiros, em Ouagadougou.

-0- PANA TNDD/JSG/FK/IZ  15out2020