Agência Panafricana de Notícias

Vítimas mauritanas denunciam presença de alegado torturador em Marrocos

Nouakchott, Mauritânia (PANA) - Uma dúzia de associações mauritanas de vítimas de violações dos direitos humanos, nos acontecimentos registados nas Forças Armadas, em 1990, denunciou a nomeação de um alegado torturador como adido militar da Embaixada da Mauritânia, em Marrocos, desde dezembro de 2018.

Em carta enviada ao rei de de Marrocos, Mohamed VI,  a denúncia cita o nome do "coronel Sidina ould Sidi Haiba, também conhecido como Ould Taleb Bouya”, como sendo o torturador em causa.

"Na época do incidente, o coronel ould Sidi Haiba estava no comando da Base Militar de Inal (norte), que, como todas as bases isoladas do país, havia sido transformada em campo de concentração.

"Ele foi particularmente distinguido pela sua crueldade e pelo seu zelo desenfreado durante a operação de limpeza étnica no seio das Forças Armadas mauritanas. Na altura, ele era capitão", salienta a correspondência.

A abordagem das ONG resulta alegadamente da convicção de que "as associações de direitos humanos mauritanas incluem viúvas, órfãos e sobreviventes; o reino (marroquino), fortemente enraizado nos valores do respeito pela dignidade, integridade física e moral da pessoa, parte em acordos e tratados internacionais, não pode aceitar a presença no seu território de um criminoso em liberdade".

Pelo menos 28 soldados negros foram enforcados na base do Inal durante a madrugada de 28 de novembro de 1990 para "celebrar" o 30º aniversário da Independência da Mauritânia.

Estes acontecimentos, que tiveram lugar sob o regime de Maaouya ould Sid'Ahmed Taya, estão abrangidos por uma lei de amnistia contestada, adotada em 1993.

-0- PANA SAS/BEH/SOC/IZ 01dez2019