Vítimas de conflito no leste da RDC precisam com urgência de ajuda, diz ONU
Kinshasa, RD Congo (PANA) - Populações afetadas pelo conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC) precisam, com urgência, de uma ajuda internacional maior que a que recebem atualmente, soube a PANA de fonte oficial.
Discursando em Goma, capital da província de Kivu-Norte (leste), cuja principal cidade foi invadida em janeiro último pelo M23, rebeldes apoiados pelo Rwanda, o coordenador de socorros de emergência da Organização das Nações Unidas (ONU), Tom Fletcher, mencionou décadas de traumatismo a que estavam sujeitas estas pessoas.
“Os últimos meses foram particularmente terríveis para muitos”, indignou-se, aludindo às consequências da anarquia e de violentos combates que opuseram este ano os rebeldes ao Exército regular da RDC, associados a graves violações dos direitos humanos, incluindo potenciais crimes de guerra.
Referindo-se àquilo que mais o chocou, ele mencionou relatos de violências sexuais, bem como histórias demasiado horríveis contadas por mulheres para que ele também as narre aqui.
"Trata-se de mulheres que tentam recuperar coragem para reconstruírem a sua vida. Estamos aqui para lhes darmos o nosso apoio, a fim de as ajudarmos a recontruírem-se. Mas eles vivenciaram um verdadeiro inferno”, indicou.
Todos estes novos deslocados pelo avanço dos rebeldes do M23 juntam-se aos outros cinco milhões instalados em campos de deslocados no leste da RDC, segundo o responsável.
Anunciou que, atualmente, mais de 20 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária, frisando no entanto que “as mesmas querem desesperadamente que este conflito acabe.”
No rescaldo da assinatura, há dias, dum acordo dos Estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, sigla em inglês), sobre um aumento de cinco por cento do financiamento da sua defesa coletica, investimentos na ação humanitária baixaram mais, referiu-se.
Na RDC, 70 por cento dos programas da ONU estavam a ser financiados historicamente pelos Estados Unidos, deu a conhecer.
“Hoje, vemos a maioria destes fundos desaparecerem”, lamentou, obrigando consequentemente a comunidade humanitária a fazer “escolhas arrojadas de vida ou de morte", no que às pessoas beneficiárias da ajuda diz respeito.
A fim de tentar resolver o problema da diminuição constante do financiamento da ajuda humanitária a escala mundial, Fletcher anunciou recentemente um “plano superprioritário” que visa salvar 114 milhões de vidas este ano, sublinhando no entanto que isto depende da obtenção dos fundos necessários.
Para tal, tudo que pede o funcionário onusino é um por cento daquilo que o mundo gastou para a defesa no ano transato.
Após ter visitado e criado laços com as comunidades afetadas várias vezes por combates, este último disse que elas não podem ser esquecidas.
A seu ver, estas comunidades estão na primeira linha dos esforços humanitários.
-0- PANA MA /BAI/JSG/SOC/DD 27junho2025