Agência Panafricana de Notícias

Várias organizações exigem inquérito sobre crimes cometidos em Yumbi, na RD Congo

Paris, França (PANA) – A Federação Internacional das Ligas dos Direitos Humanos (FIDH) e as suas organizações membros na RD Congo pediram às autoridades congolesas para esclarecerem os crimes que enlutaram a localidade de Yumbi, na província de Bandundu (centro-sul)  em dezembro de 2018, soube a PANA de fonte oficial no local.

As mesmas instituições insistem em que responsáveis por estes crimes devam ser identificados e julgados.

Entre 16 e 18 de dezembro de 2018, graves crimes foram perpetrados na cidade de Yumbi, em Bongende, em Nkolo I e em Nkolo II, na localidade de Yumbi, durante atos de violência entre as comunidades Batende e Banunu, residentes nesta zona, indicou no fim de semana a FIDH e as suas organizações parceiras na RD Congo, designadamente a Associação Africana dos Direitos Humanos (ASADHO), o Grupo Lotus e a Liga dos Eleitores (LE).

No espaço de três dias, três ataques foram lançados contra três zonas, maioritariamente povoadas pelos Banunu, por supostos assaltantes Batende, e que fizeram mais de 500 vítimas civis, acrescentaram as associações.

As três indicaram que inquéritos realizados em Yumbi e testemunhos recolhidos no local levam a crer que estes ataques foram premeditados e apoiados por algumas autoridades locais.

"A amplitude, a rapidez, a intensidade e a coordenação destas violências denotam o seu caráter premeditado. Vários testemunhos recolhidos dão conta da presença de antigos membros das Forças Armadas Congolesas (FARDC) entre  assaltantes, a utilização de armas de fogo e de técnicas de camuflagem. Eles também mostram a organização tática dos ataques. Idênticos em todas as localidades visadas, os atos permitem pensar que os seus mandantes tinham uma certa experiência militar”, declararam.

A maioria das pessoas interrogadas  relataram que as declarações de alguns assaltantes indicavam uma intenção de destruir a comunidade Banunu, ao atacarem unicamente seus membro.

Segundo outros testemunhos, quando  eles duvidassem da identidade duma pessoa, os assaltantes não hesitavam em perguntar ao visado para precisar o seu de família e/ou a comunidade a que pertence.

"As exações recenseadas e cometidas à grande escala são potenciais crimes contra a humanidade, nomeadamente homicídio de pelo menos 535 pessoas, mutilações, incluindo sexuais, atos de tortura e de tratamento degradantes e desumanos, saques, incêndios de instalações, maioritariamente nas zonas de habitação.

"Estes crimes foram essencialmente cometidos devido à pertença real ou suposta das pessoas visadas à comunidade Banunu. Os autores são  membros da comunidade Batende”, afirmaram as organizações.

Apesar de inquéritos abertos pelas autoridades congolesas, as organizações afirmaram que não se registou um progresso nítido e que, entre as 14 pessoas detidas, não figuram nenhum presumível mandantes dos ataques.

"As nossas organizações encorajam as autoridades congolesas a continuarem a alargar os seus inquéritos a fim de identificarem e julgarem supostos mentoress destes massacres. Reiteram o seu apelo às autoridades congolesas para fazerem da luta contra a impunidade uma das suas prioridades, identificarem e julgarem os autores de crimes graves, incluindo os que exercem responsabilidades no seio do Estado”, concluíram a FIDH,  a ASADHO, o Grupo Lotus e a LE.

-0- PANA BM/BEH/FK/DD 1abril2019