Agência Panafricana de Notícias

Unita acusada de impedir receção de ossadas de Savimbi no centro de Angola

Luanda, Angola (PANA) - A direção da Unita (União Nacional para a Independência Total) impediu os seus representantes de receberem os restos mortais de Jonas Savimbi (líder fundador do partido) em Andulo, na província de Bié (centro), o que levou a comissão técnica a depositá-los numa unidade militar local.

A denúncia foi feita terça-feira, em Luanda, em conferência de imprensa, pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente de Angola, Pedro Sebastião.

O Governo angolano previa entregar, formalmente, terça-feira, à família de Jonas Savimbi, em Andulo, a urna com as ossadas do antigo líder e fundador da Unita, morto em combate a 22 de fevereiro de 2002, em Lukusse, na província de Moxico (leste), acrescentou.

A urna contendo os restos mortais de Jonas Savimbi,  saiu, na manhã da terça-feira, da cidade de Luena, a capital de Moxico, donde seguiu, por via aérea, para  Andulo, indicou o chefe da Casa de Segurança do Presidente João Lourenço.

Frisou que não houve, da parte do Governo, intenção de atrapalhar o programa do funeral elaborado pela Unita.

Explicou que a pretensão da Unita era realizar a inumação dos restos mortais de Jonas Savimbi em Lopitanga, a 30 quilómetros de Andulo, pelo que o ponto mais próximo para o Governo os entregar ao partido e à família era essa localidade.

Pedro Sebastião declarou que foi este o acordo encontrado na comissão técnica, tendo sublinhado que a mesma (comissão) já não tinha possibilidade de transferir os restos mortais de Andulo para Bié, devido a problemas de ordem logística.

"Já estávamos em Andulo e a Unita foi notificada disso. A Unita queria criar um facto político", sustentou, acrescentando que o Governo cumpriu com o acordado.

Fez saber que o Governo montou, inclusive, uma operação logística, nomeadamente aviões, um Boeing 737, um Antonove AN72, um DACH e quatro helicópteros para esta operação.

De acordo com Pedro Sebastião, logo no princípio da manha do mesmo dia, as autoridades governamentais foram recebendo sinais de que, a partir do Luena, a Unita estaria a inviabilizar a transladação dos restos mortais de Jonas Savimbi.

Essa atitude, sustentou, baseou-se no sentido de os seus representantes não estarem presentes na altura da retirada dos restos mortais da capela para a aeronave que seguiria para Andulo.

"Os restos mortais de Jonas Savimbi estão depositados numa unidade militar e, quando os familiares ou a Unita assim o entenderem, devem resgatar. Esperamos que não seja muito tarde, porque a unidade não está vocacionada para este tratamento", avisou.

Em caso de recusa, Pedro Sebastião aclarou que as Forças Armadas Angolanas (FAA) poderão dar outro destino aos mesmos para não permanecerem assim na referida unidade.

Entretanto, o presidente da Unita, Isaías Samakuva, afirmou, em conferência de imprensa, que o Governo decidiu, à última hora, de forma unilateral, entregar as ossadas de Savimbi à família e ao partido, na localidade de Lopitanga, município do Andulo.

Segundo o político, o programa previa que a cerimónia decorria na cidade de Luena para, depois, prosseguir em Bié, onde a família e o partido estavam a aguardar para  receberem os restos mortais de Jonas Savimbi.

-0- PANA ANGOP/DD 29maio2029