Agência Panafricana de Notícias

União Africana saúda decisão de militares de entregar poder a civis no Burkina Faso

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – A União Africana (UA) saudou a decisão dos militares no Burkina Faso de nomear um civil, Michel Kafando, para garantir a Presidência da transição, a 15 dias da expiração do ultimato africano.

A presidente da Comissão da União Africana (CUA), Nkosazana Dlamini Zuma, declarou segunda-feira que a nomeação do Presidente do Governo de transição dirigido por um civil é « um progresso significativo » no Burkina Faso.

O ex-Presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, abandonou o poder a 31 de outubro último sob uma forte pressão popular, cedendo-o aos militares, o que levou a UA a impor-lhes um prazo de 15 dias para render o poder a um Governo civil senão se expunham a sanções.

O Conselho de Segurança e Paz (CSP), órgão da UA cuja presidência rotativa é assumida pela Guiné Equatorial, deu um prazo de 15 dias aos militares no poder no Burkina Faso para render o poder aos civis, senão, sanções seriam tomadas contra eles.

« O Presidente da União Africana saúda os avançados significativos registados no Burkina Faso para o estabelecimento duma transição dirigida por um civil, em conformidade com as aspirações do povo burkinabe para uma mudança e uma consolidação da democracia », declarou Dlamini-Zuma num comunicado divulgado esta segunda-feira.

Kafando, um diplomata de carreira que representou o Burkina Faso nas Nações Unidas e que foi ministro dos Negócios Estrangeiros deste país, vai ser brevemente empossado como Presidente interino para uma duração dum ano antes da organização das eleições presidenciais no país em 2015.

Durante uma reunião organizada domingo, os militares presidiram às negociações para a designação dum sucessor ao Presidente Compaoré e para a assinatura da Carta de Transição que deve servir de constituição interina.

A Presidente da CUA saudou igualmente a restauração da Constituição e a assinatura, a 16 de novembro de 2015, da Carta de Transição constitucional.

A cerimónia de assinatura da carta, nota-se, registou a presença do enviado especial da União Africana no Burkina Faso, Edem Kodjo. Zuma declarou, além disso, depois da assinatura da carta que os Burkinabes se conformaram com as recomendações da 465ª reunião do Conselho de Segurança e Paz de 3 de novembro de 2014.

« Dlamini Zuma agradeceu a todas as partes abrangidas e ao povo Burkinabe a sua maturidade política e o seu sentido de responsabilidade que possibilitou a tomada destas medidas cruciais », declarou a UA num comunicado.

Apelou igualmente à classe política burkinabe para « preservar » está conquista nos seus esforços para instaurar uma transição civil como o exigiram os manifestantes que derrubaram o Presidente que estava no poder há 27 anos.

Ainda no quadro das felicitações, Zuma concedeu uma satisfação especial aos Presidentes da Mauritânia Mohamed Ould Abel Aziz, e do Senegal, Macky Sall, presidente do grupo de contato sobre o Burkina Faso, em nome da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), mas igualmente ao Presidente do Ghana, John Dramani Mahama, atual presidente da Cedeao.

Felicitou e agradeceu aos Presidentes da Nigéria, Goodluck Jonathan, e do Togo, Faure Gnassingbé, o seu papel importante no quadro dos apoios levado ao Burkina Faso durante as negociações para a formação dum Governo de transição.

-0- PANA AO/VA/BAD/BEH/MAR/DD 17nov2014