Agência Panafricana de Notícias

UA quer tribunais regionais para crimes cometidos em países em conflito

Addis Abeba, Etiópia (PANA) - Dois tribunais locais e regionais devem ser criados para julgar os autores de violência na República Centroafricana (RCA), no Sudão do Sul e na Nigéria, defendeu segunda-feira em Addis Abeba Binta Diop, enviada especial da União Africana (UA) para as Mulheres, Paz e Segurança.

Durante uma conferência de imprensa, Binta Diop frisou que a posição do Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre esta matéria é de apreciar, mas que a Justiça a nível local e regional para estes crimes é importante.

"Existem mecanismos regionais. O TPI não pode deitar a mão a todos os que cometeram crimes noutras jurisdições. Vimos a abordagem do Tribunal Penal sobre o Rwanda. Há vários sistemas de justiça que podemos explorar. A Comissão sobre o Sudão Sul vai examinar e resolver a questão", assegurou a também membro da Comissão de Inquérito da UA sobre o Sudão do Sul.

"A Comissão de Inquérito foi instaurada. Devemos aplaudir esta iniciativa. A UA mobilizou recursos junto das Nações Unidas para os cinco comissários. A ONU-Mulheres apoia-nos nas nossas investigações sobre as violências baseadas no sexo", declarou Diop.

Deu a conhecer que os membros da Comissão concentram-se atualmente em campos no Sudão do Sul,

Relativamente à violência da seita islamita Boko Haram na Nigéria, a enviada da UA disse que o a sua estrutura baseada em Addis Abeba ajuda na busca das meninas desaparecidas desde 14 de abril último no norte nigeriano.

"A respeito da Boko Hara, cabe à Nigéria fazer apelo ao TPI. Devemos mostrar à Boko Haram que tudo o que os seus elementos fazem é um crime e que vão prestar contas por isso", concluiu Diop.

Efetivamente, a Procuradora-Geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Fatou Bensouda, advertiu que o a sua jurisdição controla constantemente os autores de violências na Nigéria, onde a Boko Haram já matou 12 mil pessoas e feriu oito mil outras desde o lançamento da sua campanha de terror em 2009.

O grupo terrorista reivindicou o rapto, a 14 de abril último, de mais de 200 meninas do seu liceu em Chibok, em Borno, no nordeste da Nigéria, referiu-se.

-0- PANA AO/SEG/NFB/BEH/IBA/MAR/DD 03junho2014