Agência Panafricana de Notícias

Taxa de desemprego dispara para 20% em Cabo Verde devido a pandemia da covid-19

Praia, Cabo Verde (PANA) – A taxa de desemprego irá disparar este ano para perto de 20 por cento, devido à crise económica provocada pela pandemia da covid-19 (coronavírus) com uma consequente perda de 19 mil 800 empregos no país, segundo as previsões do Governo cabo-verdiano para o ano de 2020.

O documento de suporte à proposta do Orçamento Retificativo para 2020, apresentada terça-feira última à Assembleia Nacional pelo Governo,  estima que o país terminará o ano com uma taxa de desemprego de 19,2 por cento (da população ativa), contra os 11,3 por cento registados no final de 2019 e os 11,4 por cento inscritos no Orçamento do Estado ainda em vigor, aprovado em dezembro último.

A situação afeta sobretudo o turismo, que representa 25 por cento de toda a riqueza anualmente produzida pelo país, que, em 2019, recebeu mais de 819 mil turistas.

O documento entregue ao Parlamento para discussão e aprovação prevê que a  procura turística em Cabo Verde deverá recuar este ano a níveis de 2009, devido à pandemia da covid-19, com a perda de 536 mil turistas face à previsão inicial do Governo, o que representa uma quebra de 58,8 por cento, face aos 819 mil turistas acolhidos no arquipélago em 2019.

No Orçamento do Estado para 2020, aprovado em dezembro último, o Governo estimava um crescimento da procura turística de 6,6 por cento, aproximando-se da meta anual de um milhão de turistas, depois de um crescimento de sete  por cento, em 2019.

Contudo, na previsão do Governo que consta do documento de suporte orçamental, Cabo Verde deverá receber, este ano, apenas 337 mil 555 turistas, dos quais 170 mil 778 já visitaram o país no primeiro trimestre de 2020, pelo que, até ao final do ano, o país deverá receber pouco mais de 165 mil turistas.

No âmbito das medidas que o Governo vem tomando para minimizar os efeitos da pandemia a nível do emprego, o documento sobre o Orçamento Retificativo, que deverá ser discutida na segunda semana de julho no Parlamento, refere que, até a maio último, foram processados mil 64 processos de subsídio de desemprego e pagos cinco milhões de escudos (45 mil euros) nessas prestações.

Conforme o Governo, o grosso do impacto económico foi, para já, minimizado com o ‘lay-off’ simplificado e aprovado pelo Governo, como medida mitigadora da crise económica provocada pelo confinamento que parou totalmente a atividade no país.

“Mais de 11 mil trabalhadores cabo-verdianos viram os contratos de trabalho suspensos, de abril a junho  últimos, recebendo 70 por cento do salário, suportado em partes iguais pela entidade empregadora e pelo Instituto Nacional da Previdência Social, o que custou 155 milhões de escudos (1,4 milhão de euros) por mês ao Estado”, refere o mesmo documento.

Como medidas de proteção e promoção dos postos de trabalho, o Governo definiu, nesta nova proposta orçamental para 2020, a prorrogação dos estágios profissionais de seis para oito meses e o aumento da comparticipação do Estado, o que vai custar 289 milhões de escudos (2,6 milhões de euros).

Haverá ainda o “fomento à contratação”, através de benefícios fiscais e da comparticipação do Estado em 50 por cento, num encargo para os cofres públicos de 70 milhões de escudos (632 mil euros).

Com incentivos ao empreendedorismo jovem e com programas de “formação e reinserção para a empregabilidade”, o Governo prevê gastar, este ano, respetivamente, 32 milhões de escudos (290 mil euros) e 209 milhões de escudos (1,9 milhões de euros).

O documento de suporte à proposta do Orçamento Retificativo para 2020 reconhece que o estado de emergência, que vigorou em Cabo Verde para conter a propagação da covid-19, diferenciada por ilhas, de 29 de março a 29 de maio últimos, afetou a atividade económica do país, “principalmente” nas ilhas de Santiago e da Boa Vista.

“Tal situação representa um choque de oferta de trabalho, dado que somente serviços essenciais permaneceram em funcionamento, culminando numa queda da produtividade da economia”, lê-se no documento.

O mesmo aponta por outro lado uma perda estimada de 6,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em resultado do confinamento a que o país tem estado sujeito, devido à pandemia da covid-19.

-0- PANA 01julho2020