Agência Panafricana de Notícias

Tanzânia encerra jornal e suspende um outro

Nairobi- Quénia (PANA) -- O Governo tanzaniano está a reprimir a imprensa, anunciou terça-feira a Associação dos Jornalistas Este-Africanos (EAJA) sediada em Nairobi, no Quénia, que revelou que este país encerrou um jornal em língua Swahili e suspendeu um outro por três meses.
Segundo a EAJA, estas medidas de repressão seguem-se a revelações incriminadoras sobre uma corrupção generalizada no seio do Exército, que levantaram sérias dúvidas sobre a integridade das instituições públicas.
Segundo a Associação, o Governo retirou a autorização da publicação do jornal Leo Tenaa (Again Daily) e suspendeu a do Kulikoni para 90 dias a partir da segunda-feira 11 de Janeiro de 2010.
O ministro da Informação, Desportos e Cultura, capitão George Mkuchhika, justificou estas medidas por um atentado contra a segurança nacional atribuído a um artigo incriminador divulgado pelo jornal Kulikoni que revelou como a fraude nas provas nacionais se tornou frequente no Exército.
O artigo intitulado "A Fraude nos Exames Afecta o Exército", embaraçou o Governo, segundo o governante tanzaniano.
A EAJA citou o ministro xomo tendo declarado que "este artigo perturbou o Exército e é por esta razão que se queixou, e que o jornal foi obrigado a esclarecer as suas afirmações, ele não deu explicações convincentes".
A EAJA cobre os países da África Oriental, dos quais a Etiópia, a Somália, o Djibuti, o Quénia, o Uganda, a Tanzânia, o Burundi, o Ruanda e Moçambique.
A suspensão de Kulikoni foi decidida um mês depois de a sua Editora Media Solution, ter feito passar este jornal e a sua versão inglesa, This day, do estatuto de semanários para o de diários.
Estes dois jornais bem como 11 outros títulos pertencem a um barão da imprensa, Reginald Mengi, que os publica por intermédio do seu grupo IPP.
A principal publicação do IPP é o The Guardian, cujos 80 mil exemplares são distribuídos diariamente, o que faz dele o jornal da língua inglesa mais vendido na Tanzânia.
A Tanzânia deve realizar as suas quartas eleições gerais multipartidárias em Outubro deste ano mas a aproximação destes eventos neste país acompanha-se tradicionalmente duma repressão da imprensa, através de encerramentos e suspensões de jornais que se tornaram num fenómeno corrente na Tanzânia.
A 21 de Julho de 2001, o Governo proibiu nove revistas semanárias em Kiswahili e suspendeu três tablóides pela sua publicação de fotografias pretensamente indecentes e susceptíveis de corromper moralmente a sociedade.