Agência Panafricana de Notícias

Situação no Corno de África preocupa todo continente africano, diz primeiro-ministro etíope

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – O primeiro-ministro etíope, Meles Zenawi, declarou quinta-feira em Addis Abeba que a situação no Corno de África é realmente um motivo de forte preocupação não apenas para os países da região mas também para o continente em geral".

"Portanto, é conveniente que os países membros da União Africana mobilizem uma assistência de que os seus irmãos e as suas irmãs do Corno de África precisam com toda urgência", acrescentou Zenawi, na abertura dos trabalhos de uma conferência da União Africana (UA) para a mobilização dos fundos no continente a favor das vítimas da fome no Corno de África.

Ele diisse que, na maioria dos países afetados, dos quais a Etiópia, existe um sistema bem desenvolvido de reação a este género de urgências e que a ajuda alimentar é objeto duma distribuição adequada, o que, lamentou, não é o caso na Somália.

Por sua vez, o presidente da Comissão da UA (CUA), Jean Ping declarou-se otimista após as promessas registadas até agora, mas insistiu na necessidade duma assistência suplementar.

No entanto, Ping pediu aos Africanos para honrarem os seus compromissos.

"Não é com palalvras mas com ações concretas, através de anúncio de promessas de contribuição que uma ação concertada da África poderá lutar contra a fome no continente", disse o presidente da CUA na presença dos representantes de doadores de fundos, de agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e do setor privado africano.

O Presidente da Guiné-Equatorial e presidente em exercício da UA, Theodoro Obiang Nguema Mbasogo, convidou os Africanos a ajudarem os seus irmãos e irmãs do Corno de África.

Segundo ele, o fato de que os Africanos mobilizarem fundos no continente é uma prova da sua solidariedade.

Ele aproveitou a oportunidade para anunciar a promessa do seu país de dois milhões e 500 mil dólares americanos,

Obiang Nguema acrescentou que, no mesmo contexto, a Guiné-Equatorial lançou igualmente uma campanha nacional para recolher outros fundos.

Segundo Oxfam Grã-Bretanha (Organização Não Governamental), com base numa fórmula consensual para as contribuições, os Governos de África devem contribuir com pelo menos e 50 milhões de dólares para o Fundo da UA para as catástrofes humanitárias.

Um aluno ganense de 11 anos de idade, Andrew Adansi-Bonnah, promotor de uma campanha de recolha de 20 milhões de cedis ganenses (13 milhões de dólares americanos) para ajudar as vítimas da fome que assola a Somália, tomou a palavra nesta conferência o primeiro do género que decorre sob lema "Uma voz, uma África contra a Fome" que visa enfrentar uma crise africana.

Várias outras iniciativas, nomeadamente doações por telefone no Quénia para ajudar as vítimas da fome que impera no Corno de África , também foram registadas.

Países como a Argélia, a África do Sul e as Ilhas Maurícias prometeram contribuir com 10 milhões de dólares americanos, dois milhões e 500 mil dólares americanos e 167 mil dólares, respetivamente.

Fora do continente, a Turquia já doou 175 milhões de dólares, enquanto a Organização da Conferência Islamita (OCI) prometeu 350 milhões de dólares, com uma atenção particular à Somália.

Cerca de 14 milhões de pessoas no Corno de África sofrem de fome por causa de diversos fatores, como conflitos, as mudanças climáticas que implicaram a pior seca destes últimos 60 anos, a má governação e o aumento dos preços de produtos alimentares.

Mais de quatro milhões e 500 mil pessoas afetadas nesta região encontram-se na Etiópia, enquanto o Quénia, o Djibouti e a Eritreia têm os seus próprios grupos de vítimas da seca.

No entanto, o país mais afetado é a Somália onde a fome assola cinco regiões, causando diversos mortos diaramente.

Além do seu próprio encargo em termos de vítimas da seca, a Etiópia deve enfrentar a um fluxo de mais de 100 mil refugiados somalís nos campos sobrepovoados ao longo das suas fronteiras com a Somália.

Mais de 600 mil Somalís já fugiram para o Quénia vizinho, a Etiópia e o Djibouti em busca de uma ajuda alimentar nos campos de refugiados.

-0- PANA OR/SEG/FJG/AAS/CJB/DD 25ago2011