Agência Panafricana de Notícias

Sanções contra Mauritânia dividem Conselho de Segurança da UA

Sirtes- Líbia (PANA) -- Os membros do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União Africana (UA) estão divididos quanto a um eventual levantamento imediato das sanções impostas à Mauritânia após o golpe de Estado de 6 de Agosto último, soube a PANA terça-feira de fonte diplomática em Sirtes, na Líbia.
A ideia do levantamento repentino destas sanções que incluem a suspensão da Mauritânia de todas as actividades da União Africana foi introduzida segunda-feira, em Sirtes, pelo presidente da Comissão da UA, Jean Ping, durante uma reunião do CPS consagrada à situação no país.
O encontro decorrido à porta fechada foi convocado à margem dos trabalhos preparatórios à XIII Cimeira Ordinária da UA, a decorrer de 1 a 3 de Julho de 2009 em Sirtes (centro da Líbia).
Segundo fonte próxima da reunião, alguns países membros do CPS ficaram "surpresos" com a proposta apresentada pelo presidente da Comissão da UA à luz dos últimos acontecimentos no país.
Jean Ping teria defendido o levantamento das sanções contra a Mauritânia, invocando os "progressos" feitos no seu processo de retorno à ordem constitucional consubstanciados na formação "consensual" de um governo transitório de unidade nacional.
Na sua proposta, ele teria sugerido que se desse o "benefício da dúvida" à classe política mauritana para se levantar as sanções como forma de a encorajar a prosseguir na via do regresso à normalidade constitucional subvertida com a acção golpista do ano passado que colocou no poder uma Junta militar.
Jean Ping diz apoiar-se no novo quadro introduzido pela nomeação "regular" de um governo transitório na Mauritânia e na perspectiva das eleições presidenciais de 18 Julho próximo.
De acordo com ele, a recente assinatura do decreto presidencial que nomeia um governo de transição para conduzir o país às próximas eleições representou um "retorno pacífico à ordem constitucional e conforme à doutrina da União Africana".
Mas enquanto alguns países apoiaram a proposta e outros se manifestaram hesitantes, um outro grupo integrado, nomeadamente, pela Nigéria, pelo Ruanda e pelo Tchad, entre outros, contrariou a ideia considerando-a "prematura e imprudente", disse a fonte.
Entre os apoiantes da nova iniciativa que a fonte não precisou estariam alguns países da região norte de África à excepção da Argélia que alinhou com o lado oposto.
Os defensores da posição contrária à ideia do levantamento do castigo argumentam que tal medida seria muito imprudente e aconselham mais cautela até à conclusão do processo eleitoral e à confirmação duma transição definitiva à ordem democrática.
Porém, a divergência de pontos de vista acabou por forçar a suspensão da reunião do CPS sem consenso, transferindo-se assim a continuação do debate para as próximas ocasiões.
Segundo ainda a mesma fonte, o general Mohamed Ould Abdelaziz, candidato presidencial que se demitiu da chefia do Estado na Mauritânia depois de liderar a Junta militar autora do golpe de Estado, e o Presidente derrubado, Sidi Ould Abdallahi, manifestaram o desejo de participar na Cimeira de Sirtes.
Após uma recondução efémera nas suas funções, este último assinou, a 26 de Junho de 2009, o decreto presidencial que nomeia o governo de transição antes de formalizar a sua demissão da chefia do Estado que ele assegurava desde Abril de 2007 como primeiro Presidente democraticamente eleito na Mauritânia.
A formação do governo transitório foi o corolário do Acordo Quadro alcançado a 2 de Junho de 2009 na capital senegalesa, Dakar, entre os três principais blocos políticos actualmente activos na Mauritânia para pôr fim à crise política prevalecente no país desde o derrube de Sidi Abdallahi.
O Acordo resultou de um processo de negociações facilitadas pela mediação do Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, com o apoio da União Africana e de outros parceiros internacionais.