Agência Panafricana de Notícias

Rwanda e Uganda assinam memorando de entendimento em Luanda

Luanda, Angola (PANA) – O Rwanda e o Uganda assinaram esta quarta-feira, em Luanda, um memorando de entendimento destinado a pôr fim à tensão existente nas relações entre os dois países da região dos Grandes Lagos, constatou a PANA, na capital angolana.

O documento, assinado pelos Presidentes rwandês, Paul Kagamé; e Ugandês, Yoweri Museveni, foi negociado sob a mediação do seu homólogo angolano, João Lourenço, coadjuvado pelo chefe de Estado da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi.

A cerimónia ocorreu na presença do Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, como convidado de uma cimeira quadripartida convocada expressamente para o efeito pelo chefe de Estado anfitrião e na presença também de Félix Tshisekedi.

Na abertura do encontro, o Presidente João Lourenço recordou que o entendimento alcançado entre Paul Kagamé e Yoweri Museveni resultou de uma decisão tomada, a 31 de maio passado, durante uma minicimeira tripartida organizada em N’Sele, na capital congolesa, consagrada à resolução dos problemas de segurança na sub-região.

Afirmou que o encontro, proposto por Angola e com a participação do Rwanda, o incumbiu de convidar o Presidente Yoweri Museveni para se juntar a esta iniciativa no quadro de uma cimeira quadripartida a realizar-se numa das capitais dos três países presentes, em N’Sele, para encontrar uma solução à crise rwando-ugandesa.

Essa cimeira quadripartida acabou por realizar-se, em Luanda, a 12 de julho último, e as suas decisões permitiram a Angola e à RDC prosseguir diligências que conduziram aos entendimentos alcançados entre o Rwanda e o Uganda, no quadro do memorando assinado esta quarta-feira, segundo ainda o chefe de Estado angolano.

Por isso, alguns observadores avançam que esta nova cimeira quadripartida realizada quarta-feira, em Luanda, representa o primeiro resultado “palpável” das decisões saídas da minicimeira de N’Sele, arredores de Kinshasa, que se comprometeu a solucionar os crónicos problemas de segurança da sub-região.

É o segundo encontro do género organizado, em Luanda, em menos de dois meses, depois do de 12 de julho deste ano.

Mas em vez de novas discussões sobre questões de segurança regional, este novo encontro teve a particularidade de testemunhar a formalização dos primeiros consensos obtidos nas negociações anteriores, na sequência das decisões tomadas, em N’Sele.

A necessidade de unir esforços para erradicar o fenómeno dos grupos armados que atuam na RDC e criam a insegurança e a instabilidade na sub-região foi o principal objetivo da reunião de N’Sele, mas a tensão política existente entre o Rwanda e o Uganda esteve entre os pontos dominantes da agenda.

Na altura, os chefes de Estado presentes assumiram o compromisso de tudo fazerem para desanuviar este ambiente de tensão entre os dois países, que se acusam mutuamente de planos militares hostis, com o Presidente Kagamé a denunciar um alegado apoio do Uganda aos dissidentes rwandeses para derrubar o seu Governo.

Por seu turno, Yoweri Museveni nega tais acusações e, em contrapartida, queixa-se de assassinatos misteriosos de opositores rwandeses em seu território e geralmente imputados ao regime do Presidente Kagamé.

-0- PANA IZ 21ago2019