Agência Panafricana de Notícias

Ruanda persegue presumíveis autores de genocídio em Moçambique

Kigali- Ruanda (PANA) -- A justiça ruandesa anunciou a intenção de instaurar um sistema de cooperação "estreita" com Moçambique para perseguir cerca de nove Ruandeses presumíveis autores de genocídio em busca de asilo neste país da África Austral, declarou quarta-feira à imprensa em Kigali o Procurador-Geral da República, Martin Ngoga.
"A justiça ruandesa persegue os nove presumíveis autores de genocídio ruandeses actualmente instalados em Moçambique", declarou o magistrado ruandês sem citar os nomes dos indivíduos procurados.
Esta declaração intervém depois da visita ao Ruanda do ministro moçambicano da Justiça, que prometeu a cooperação do seu país para deter os supostos autores de genocídio através dum mandado da justiça ruandesa e do Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR).
Interrogada pela PANA, uma fonte judiciária ruandesa afirmou que nunca uma cooperação do género entre o Ruanda e Moçambique foi concluída desde o genocídio de 1994.
Vários países da África Austral são acusaados pelo regime de Kigali de acolher presumíveis autores de genocídio ruandeses, cuja maior parte prosperam nos negócios, apesar dos mandados de captura emitidos pelo TPIR.
Entre estes países figuram o Malawi, a Zâmbia, o Zimbabwe, Moçambique e a África do Sul.
O Procurador-Geral citou igualmente a República Democrática do Congo (RDC) como o território que acolhe um número importante de responsáveis do genocídio dos Tutsis no Ruanda.
Desde 2002, o Governo americano prometeu até cinco milhões de dólares americanos a quem fornecer informações que permitirão deter vários antigos responsáveis do genocídio ruandês em busca de asilo.
Entre as personalidades mais procuradas figura Félicien Kabuga, um empresário ruandês acusado de ser "o financeiro" da milícia do ex-partido presidencial ruandês, os Interahamwe (milícias Hutus).
O genocídio de 1994 no Ruanda fez cerca de 800 mil mortos, maioritariamente nas fileiras da etnia Tutsi, cujos membros foram massacrados por extremistas Hutus que controlavam o poder político e militar neste pequeno país da África Central, segundo a ONU.