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Reservas internacionais atingem valores históricos em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – O mais recente Relatório de Política Monetária do Banco de Cabo Verde (BCV) revela que as reservas internacionais líquidas do arquipélago atingiram valores históricos (347 milhões de euros), o que garante cinco meses de importação, apurou a PANA, na cidade da Praia, de fonte da instituição.

O documento do banco central cabo-verdiano explica que as contas externas do país registaram uma evolução “muito favorável”, em consequência, principalmente, da diminuição das importações e dos dividendos remetidos aos investidores externos, em função do contínuo enfraquecimento da atividade económica desde 2011.

BCV revela também que, para além das reservas internacionais líquidas terem atingido valores históricos, o défice da balança corrente reduziu de 11 para três porcento do Produto Interno Bruto (PIB).

A evolução “favorável” das contas externas é justificada, no relatório, pela conjuntura de “retração” da procura interna, pelo abrandamento da procura externa, pelo aumento da produção doméstica de frescos e energia e de moderação salarial.

Esses fatores, segundo o BCV, contribuíram para reforçar o efeito da redução da inflação importada no desagravamento dos preços no consumidor.

De acordo com o BCV, a taxa de inflação fixou-se em 1,5 porcento em dezembro, “não obstante o impacto do ajustamento do imposto sobre o valor acrescentado (IVA) no fornecimento da energia e água, bem como nos preços dos transportes coletivos de passageiros terrestres e marítimos”.

Entretanto, o banco central considera que o “menor desempenho” da economia refletiu, em larga medida, a fraca performance do setor privado, limitada por condições de financiamento e de investimento adversas e por um aumento da aversão aos riscos macroeconómicos e financeiros.

“Os investimentos públicos que vêm impulsionando o crescimento económico nos últimos anos, reduziram, tendo, igualmente, um efeito contracionista na evolução da atividade económica”, revela o documento.

O BCV lamenta o comportamento dos bancos comerciais que “continuam a apresentar um sentimento de elevada aversão ao risco”.

Isto apesar de o banco central, “prosseguindo a sua política de afrouxamento monetário”, ter reduzido a sua taxa de referência de 5,75 para 4,25 porcento em inícios de março, com o intuito de “dinamizar” a economia, num quadro de “fraco crescimento económico, de baixas pressões inflacionistas e de ausência de pressões iminentes e significativas na balança de pagamentos”.

No entanto, essa medida ainda não foi assimilada pelas instituições bancárias, anota o documento.

O BCV considera ainda que, a par da política monetária, o enquadramento externo mais favorável deverá incentivar a retoma do consumo e investimento privados, contribuindo para alguma recuperação da dinâmica do crescimento do PIB em 2014.

“O otimismo em torno das atuais perspetivas de crescimento económico é, entretanto, contido, tendo em conta a perspetiva de ligeira recuperação do enquadramento externo e a persistência de riscos de deterioração do balanço dos bancos nacionais, que, em caso de materialização, poderão afetar adversamente a política de crédito dos bancos”, refere o relatório.

As atuais projeções do BCV apontam para um crescimento do PIB entre 1,5 e 2,5 porcento e uma inflação média anual em torno de 0,5 porcento.

Com a manutenção de um nível “adequado” de reservas externas, bem como a estabilidade monetária e financeira, a política do banco central “deverá continuar a favorecer, nos próximos meses, a retoma da dinâmica económica, que deverá, por sua vez, suportar o fortalecimento do sistema financeiro”.

O BCV considera, no entanto, que o crescimento económico “duradouro e sustentável” requer, entre outros, a melhoria da atuação dos agentes económicos, “com ênfase nos poderes públicos e a classe empresarial, visando a redução dos riscos da economia e potenciar o seu financiamento”.

-0- PANA CS/IZ 27maio2014