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Reservas Internacionais Líquidas caíram 22,6% em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - As Reservas Internacionais Líquidas (RIL) cabo-verdianas, que correspondem a divisas para garantir as importações para o arquipélago, caíram 22,6 por cento num ano, para cerca de 520 milhões de euros, em junho passado, apurou a PANA segunda-feira de fonte oficial.

Trata-se de ‘stock’ que apenas garante menos de sete meses das importações de bens e serviços do país projetadas para o ano em curso.

De acordo com dados do Banco de Cabo Verde (BCV, central), em julho de 2020, esse ‘stock’ ascendia a pouco mais de 73.787 milhões de escudos cabo-verdianos (671,8 milhões de euros).

Em junho passado, esse volume caiu cerca de 57.089 milhões de escudos (519,8 milhões de euros), o que representa uma quebra de 22,6 por cento, no espaço de um ano, levando o BCV a reconhecer que os dados preliminares “apontam para uma deterioração das contas externas”.

Desde março de 2020, Cabo Verde enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da ausência quase total de turismo, setor que garante 25 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago.

A crise é devida à pandemia de covid-19, tendo o país fechado o último ano com uma recessão económica histórica equivalente a 14,8 por cento do PIB.

Na prática, sem turismo, a entrada de divisas no país caiu fortemente, queda que não está a ser acompanhada na mesma proporção pelo volume gasto com as importações.

O stock das RIL reduziu, em junho, cerca de 17 milhões de euros face a março de 2021, passando a garantir 6,76 meses de importações de bens e serviços projetadas para o ano de 2021, lê-se num relatório do BCV sobre a evolução dos indicadores económicos e financeiros deste mês.

O documento refere que o mesmo ‘stock’, em dezembro de 2020, “permitia garantir 7,87 meses” de importações.

“O agravamento das contas externas estará a refletir a deterioração da balança corrente, em função sobretudo, do aumento das importações de bens e serviços”, assume o BCV.

O relatório recorda que, no primeiro trimestre de 2021, a balança corrente registou um défice de 6.674 milhões de escudos (60,7 milhões de euros), o que compara ao défice de 1.208 milhões de escudos (10,9 milhões de euros) registado no primeiro trimestre de 2020, ainda antes da crise provocada pela pandemia.

Segundo ainda o BCV,  esse crescimento é explicado pelas reduções das receitas de viagens de turismo e de transportes aéreos na ordem dos 89 e 80 por cento, respetivamente, bem como “das exportações de viveres e combustíveis nos portos e aeroportos internacionais em cerca de 40 por cento”.

O Governo cabo-verdiano avançou, em julho, com uma revisão do Orçamento do Estado, revendo em baixa o crescimento esperado do PIB do país de 3,0 por cento para 5,5 por cento, em 2021, quando no Orçamento anterior previa um crescimento económico de 6,8 a 8,5 por cento.

-0- PANA CS/IZ 17ago2021