Agência Panafricana de Notícias

Rebeldes denunciam repressão contra opositores tchadianos no Sudão

Paris, França (PANA) – A coordenora do Conselho Nacional para a Mudança Democrática no Tchad (CNCD, oposição), Annette Laokolé, denunciou vivamente uma alegada repressão levada a cabo pelo regime de Cartum (Sudão) contra os responsáveis da rebelião tchadiana instalados no território sudanês.

«Desde a chamada normalização das relações entre os Governos sudanês e tchadiano, em janeiro de 2010, assiste-se à banalização das detenções, dos raptos, das extradições ilegais e mesmo de assassinatos de combatentes, oficiais, quadros e chefes políticos da oposição politico-militar tchadiana instalados no território sudanês », indicou Laokolé.

Numa declaração chegada à PANA em Paris, a coordenadora do CNCD, que agrupa vários movimentos político-militares tchadianos, precisa que o coronel Adouma Hassballah, primeiro vice-presidente da União das Forças da Resistência (UFR) está entre os alvos de tal repressão.

Tal como Hassballah, disse, também Djibrine Assali, um líder sindicalista que se juntou à oposição armada, está preso há um ano, sendo o primeiro na Etiópia e este último no Sudão.

A 27 de novembro último, acrescentou Annette Laokolé, Abdelwahid Aboud Makaye, segundo vice-presidente da UFR e presidente da União das Forças para a Democracia e Desenvolvimento/Fundamental (UFDD/F), foi detido arbitrariamente em Cartum.

Em fevereiro de 2010, os Presidentes sudanês e tchadiano assinaram um acordo que pôs termo a cinco anos de conflito entre os seus países por rebeliões interpostas.

Em virtude deste acordo, os rebeldes tchadianos apoiados pelo Sudão foram afastados da fronteira do Tchad e os rebeldes sudaneses instalados no Tchad foram instados por
N'Djamena a negociar com o regime de Cartum.

O acordo prevê igualmente a aplicação duma força mista de supervisão da fronteira comum composta por soldados tchadianos e sudaneses.

Segundo a coordenadora do CNCD, « charteres » clandestinos seriam regularmente organizados entre Cartum e N'Djamena, transferindo dezenas de quadros e oficiais dos quais alguns foram assassinados ou detidos secretamente.

« De maneira mais discreta, uma verdadeira perseguição é levada a cabo diariamente pela Força Mista nas localidades fronteiriças contra civis inocentes suspeitos de simpatia ou de parentesco com os chefes da oposição tchadiana », afirmou Annette Laokolé.

O CNCD pede que todos os militantes, oficiais e quadros presos sejam libertos sem condição e que a Cruz Vermelha e as organizações humanitárias sejam autorizadas a visitar os detidos no Tchad, no Sudão e na Etiópia e que o Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) no Sudão proceda ao registo dos requerentes de asilo.

Pede igualmente que os Governos tchadiano e sudanês « se comprometam solenemente a respeitar os princípios humanitários internacionais e iniciem um verdadeiro diálogo com as suas oposições respetivas”.

-0- PANA BM/JSG/IBA/MAR/IZ 10dez2011