Agência Panafricana de Notícias

Quadros do sul do Senegal contra referendo de autodeterminação

Dakar, Senegal (PANA) – Os quadros de Casamança (sul do Senegal) estão contra qualquer ideia de referendo de autodeterminação nesta região do país confrontada com uma rebelião armada independentista desde 1982.

O presidente do Coletivo dos Quadros de Casamança, Pierre Goudiaby "Atepa", pediu sexta-feira à noite, em Dakar, à União Africana (UA) e à Organização das Nações Unidas (ONU) para rejeitar um pedido de referendo de autodeterminação de Casamança formulada por um responsável da rebelião do Movimento das Forças Democrática de Casamança (MFDC).

Durante uma conferência de imprensa, Goudiaby indicou que a "autodeterminação formulada por alguns atores do conflito que assola a região do sul do país não corresponde às preocupações das populações" locais, confrontadas com um conflito armado protagonizado pelo MFDC há cerca de 30 anos.

Ele aludia nomeadamente ao ex-secretário-geral do MFDC, Ansoumana Badji, que pediu à ONU e à UA para organizarem um referendo de autodetrminação em Casamança a fim de pôr termo ao conflito nesta região.

"O Coletivo pede ao presidente da Comissão da UA, Jean Ping, e ao Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, para chumbarem este pedido que não corresponde em nada às preocupações das populações senegalesas", disse Goudiaby.

Ele indicou que o seu movimento não considera o pedido feito por homens que não têm nenhuma legitimidade para organizar um referendo de autodeterminação em Casamança.

Goudiaby apelou no entanto ao Presidente senegalês, Abdoulaye Wade, para "aceitar o pedido de diálogo formulado por três quartos dos componentes do MFDC, com vista a realizar uma mesa redonda.

Pediu igualmente ao chefe do Estado senegalês para apoiar ações que desenvolvem chefes religiosos, cuja intervenção na resolução do conflito é expressamente solicitada pelo MFDC.

Goudiaby propõe que estes chefes religiosos sejam acompanhados por organizações com experiência certificada em matéria de processo de paz, respeitando ao mesmo tempo a vontade do Estado de não internacionalizar o conflito.

"O Coletivo lamenta profundamente a retomada das hostilidades e outras exações e apela à cessação imediata das mesmas. Condena qualquer forma de violência, viesse donde vier, e apela às populações para a calma e a serenidade", concluiu.

Nestes dois últimos meses nota-se um recrudescimento da violência em Casamança que já fez e mais de 15 mortos, maioritariamente soldados.

-0- PANA SIL/JSG/CJB/DD 26fev2011