Professor universitário candidata-se a presidenciais em Cabo Verde
Praia, Cabo Verde (PANA) - Um professor universitário e escritor, Daniel Medina, confirmou, segunda-feira, na cidade da Praia, a sua candidatura às eleições presidenciais de outubro próximo em Cabo Verde, soube a PANA de fonte oficial.
O também jornalista, investigador e atual presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras torna-se na terceira personalidade, depois do deputado Hélio Sanches e do antigo primeiro-ministro Carlos Veiga, a admitir publicamente a sua entrada na corrida para a sucessão a Jorge Carlos Fonseca, que termina este ano o seu segundo e ultimo mandato na chefia do Estado cabo-verdiano.
“Temos recebido algumas pressões da parte da sociedade civil, de forma a tentarmos romper com o círculo vicioso, particularmente no que tange à parte presidencial, de que não é aceitável termos um Presidente que não seja tão arreigado aos partidos”, declarou Daniel Medina à Agencia Cabo-verdiana de Noticias (Inforpress).
Segundo ele, quando o Presidente da Republica está enraizado num partido, isto “compromete a sua independência e imparcialidade.”
Na sua perspetiva, depois de se analisar todo o processo presidencial, desde a independência até agora, este é um “momento ideal” para se apresentar uma candidatura da sociedade civil, já que, disse, as pessoas “estão muito mais esclarecidas e com mais formação.”
“A sociedade civil precisa também de ter voz para se pronunciar sobre a escolha legítima de um Presidente com mais equilíbrio e que possa chamar atenção para determinadas coisas que possam estar a surgir”, indicou.
Daniel Medina diz não estar contra o apoio dos partidos às pessoas, mas que estes “não podem nem tirar a voz nem sufocar a sociedade civil.”
“Daí esta vontade. Candidatamo-nos a Presidente da Republica para quebrar este círculo”, justificou, precisando ter previsto o anúncio oficial da sua candidatura para finais de fevereiro ou março próximos.
Mas a pergunta foi-lhe feita em direto, quando estava no telejornal de domingo da Televisão de Cabo Verde (TCV), a analisar juntamente com o seu colega de painel, Marcos Barbosa, questões atinentes à política nacional, e viu-se obrigado a responder.
Instado a revelar com que base conta para a corrida presidencial, Daniel Medina assegurou que já tem grupos de jovens e pessoas de partidos a trabalharem na sua candidatura, que é da “cidadania suprapartidária.”
“A minha base de apoio é diversificada. Tem pessoas de partidos e tem uma grande massa crítica jovem que está insatisfeita com o rumo demasiado partidarizado que a nossa sociedade está a ter”, admitiu, acrescentando que as pessoas querem ajudar a fazer uma rutura nesta linha “extremamente partidarizada”.
Sobre o estilo de campanha que vai adotar, garantiu que, tendo em conta que ainda não se sabe o desenvolvimento da pandemia da covid-19, as pessoas serão contactadas através das redes sociais, onde serão feitos debates e publicados documentos para que os eleitores vejam as suas ideias e propostas sobre o papel do Presidente da República.
Natural da ilha Santo Antão, Daniel Medina é atualmente coordenador dos cursos de Relações Internacionais e Diplomacia e de Ciências da Comunicação na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV), onde leciona desde 2005.
No âmbito da investigação, é membro da Associação Francesa de Terminologia e Investigador Externo Permanente do Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa (2006-2018).
Em termos de formação académica, é detentor de um titulo de Doutor em Ciências Políticas, Mestre em Linguística, Pós-Graduação em Psicologia Social, Pós-Graduação em Direito da Comunicação e Licenciatura em Jornalismo Internacional.
-0- PANA CS/DD 19jan2021
