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Procuradoria Geral angolana abre processo-crime contra membros da seita Luz do Mundo

Luanda, Angola (PANA) - A Procuradoria Geral da República (PGR) em Angola anunciou quinta-feira ter já instaurado processos-crimes sobre a morte, na semana passada, de nove polícias nas províncias do Huambo e Benguela, no centro do país, cuja autoria foi imputada pelas autoridades a membros da seita religiosa "Sétimo Dia A Luz do Mundo".

De acordo com o procurador-geral da República, João Maria de Sousa, que falava na abertura em Luanda de uma conferência internacional sobre a promoção e proteção dos direitos humanos, as crenças ou religiões não podem atentar contra a dignidade da pessoa humana nem perturbar ou atentar contra a ordem legalmente estabelecida.

João Maria de Sousa salientou que as pessoas vivem hoje num mundo em que a criminalidade ultrapassa as delimitações territoriais, pelo que a PGR e o Ministério Público "não podem ficar indiferentes aos fenómenos malignos que assolam as sociedades".

Apesar de aparentemente silenciosa, por obediência ao princípio do segredo de Justiça, disse, a PGR "não está parada nem indiferente”.

"O Ministério Público desdobra-se em ações com a Polícia de Investigação Criminal, instaurou processos-crimes com o objetivo de responsabilizar todos os culpados envolvidos, sem exceção", aclarou, revelando que já foram feitas algumas detenções, incluindo a do líder da seita em causa, José Julino Kalupeteka.

Kalupeteka e os seus seguidores são acusados do assassinato dos nove efetivos das forças da ordem, incluindo três oficiais, quando estes tentavam alegadamente executar um mandado de captura da PGR que impendia sobre o líder da seita na sequência de anteriores atos de agressão física também contra elementos da Polícia na vizinha província do Bié.

O novo incidente ocorreu à Serra do Sumé, a 25 quilómetros da sede municipal da Caála (Huambo), num acampamento da seita onde os polícias "foram surpreendidos por disparos de arma de fogo de que resultaram as referidas mortes e o ferimento grave de outros dois".

O comandante da Polícia Nacional no município da Caála, superintendente-chefe Evaristo Catumbela, e o chefe das Operações da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) na província, intendente Luhengue Joaquim José, bem como o instrutor da PIR, sub-inspetor Abel do Carmo, estão entre as vítimas mortais.

Segundo alguns testemunhos citados pela imprensa local, a intenção do comandante Evaristo Catumbela e sua equipa, na sua deslocação à Serra do Sumé, era convencer José Kalupeteka a entregar-se às autoridades judiciárias, em face do mandado de captura contra ele emitido.

"A conversa teria durado menos de 20 minutos sem resultados satisfatórios. Não se sabe ao certo o que teria dito o comandante Catumbela a José Kalupeteka para que aquele fosse violentamente agredido, juntamente com a sua escolta, pelos guarda-costas do líder da seita", referem os mesmos testemunhos.

A troca de tiros que se seguiu resultou na morte de várias pessoas e no ferimento de tantas outras, nos dois lados, antes de um grupo de membros da seita "Kalupeteka" pôr-se em fuga juntamente com o seu líder, indicam.

As autoridades policiais ainda não se pronunciaram sobre o número aproximado ou exato das vítimas feitas entre os fiéis da seita durante a troca de tiros.

-0- PANA IZ 24abril2015