Ouagadougou, Burkina Faso (PANA) - O primeiro-ministro burkinabe, Rimtalba Jean Emmanuel Ouedraogo criticou o balanço dos 80 anos da Organização das Nações Unidas (ONU), qualificando-o de “fiasco estrutural”, soube a PANA de fonte oficial.
"Estas bodas de carvalho, que deveriam incarnar um tempo de celebração solene, chamam no entanto a uma profunda introspeção. O balanço de oito décadas das Nações Unidas, longe de suscitar a alegria, aparenta-se cada vez mais com um fiasco embaraçoso, uma desilusão coletiva e um fiasco estrutural", declarou sábado Ouedraogo na tribuna da ONU em Nova Iorque, nos Estados Unidos de Amériica.
"Já que o dever de verdade nós chama, devemos reconhecer humildemente que, embora o quadro global apresente algumas conquistas, este continua negativamente marcado por oito décadas de otimismo duramente afetado, oito décadas de esperanças dececionadas, oito décadas de sonhos quebrados, em suma, oito décadas de metas cruciais perdidas", indignou-se.
A seu ver, é portanto difícil regozijar-se com “um balanço tão mitigado.”
O chefe do Governo burkinabe interrogou-se sobre o papel de África, berço da humanidade e foco de conflitos, ou seja um universo de mil milhões de seres humanos, mas que permanece excluída das instâncias de tomada de decisões do Conselho de Segurança (CS) da ONU.
"Como se pode aceitar que missões de manutenção da paz, financiadas com mil milhões, saiam dos nossos países, deixando cada vez mais frustrações e sofrimentos do que resultados tangíveis?", interrogou-se.
Frisou que as causas deste “naufrágio coletivo” são conhecidas de todos, mencionando nomeadamente os próprios Estados membros do CS da ONU que, em vão, durante oito décadas, no quadro da Assembleia Geral, consagraram as suas energias a defender, em vão, causas nobres e a propor reformas realísticas.
Acrescentou que o próprio CS se apresenta como um “grande desmancha-prazeres devido à sua cumplicidade tácita, sonsa e, às vezes, ativa de alguns dos seus membros permanentes.”
Sublinhou que estes são os grandes atores e os principais financiadores das crises da “nossa época.”
O CS das Nações Unidas tornou-se numa “empresa funesta” que, por causa das ‘ambições predadoras de alguns dos seus membros, pode decidir que país inserir na agenda do terrorismo internacional e a que país enviar operações de manutenção da paz, como se fosse para legitimar o seu papel.
“É portanto impotentes que assistimos aos fracassos de iniciativas tão judiciosas por causa das rivalidades entre Estados e a crises não resolvidas, das quais a emblemática é o conflito entre Israel e a Palestina que já durou demais”, denunciou.
A todos estes “paradoxos inquietantes”, o primeiro-ministro burkinabe acrescentou a “inação culpada” da comunidade internacional face à atitude desafiante à autoridade dos Estádios por parte dos terroristas apoiados por outros Estados.
Alertou que "chegou o tempo da mobilização e de reformas corajosas, "senão o Conselho de Segurança permanecerá uma instituição anacrónica, incapaz de responder aos desafios do nosso tempo.”
-0- PANA TNDD/IS/SOC/DD 28setembro2025