Agência Panafricana de Notícias

Presidente da Comissão quer maior visibilidade da CEDEAO em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - O presidente da Comissão da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO), Marcel Alain de Souza, defendeu, segunda-feira, na cidade da Praia, um maior “envolvimento e visibilidade" da organização em Cabo Verde, com vista a acelerar a integração económica do arquipélago no bloco sub-regional.

Em declarações aos jornalistas, Marcel Alain de Souza, que cumpre até quarta-feira a sua primeira visita oficial a Cabo Verde, apontou a falta de ligações marítimas entre o arquipélago e o continente africano, bem como a escassez de quadros cabo-verdianos na organização oeste-africana como um obstáculo a um maior intercâmbio económico entre as duas partes.

"Não sentimos um envolvimento para que possamos avançar do ponto de vista da integração económica", disse o presidente da Comissão da CEDEAO, lembrando ainda o compromisso assumido pelo Presidente cabo-verdiano, Jorge Carlos Fonseca, para que Cabo Verde se envolva mais na organização.

"Viemos para ver como podemos animar esta cooperação e pensamos que com esta visita podemos ativar um pouco as relações com Cabo Verde", disse Marcel Alain de Souza na sequência de um encontro de trabalho com o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros, Luís Filipe Tavares.

O presidente da Comissão da CEDEAO recordou que Cabo Verde ainda não implementou a Tarifa Externa Comum (TEC), pelo que, no decorrer da visita, irá discutir sobre formas de acelerar a criação da união aduaneira para aumentar as trocas entre os 15 países que integam a Comunidade.

Marcel Alain de Souza citou um estudo elaborado em 2015 que revela que o valor das trocas comerciais entre os países da CEDEAO foi de apenas 15 milhões de dólares americanos, ou seja, 12 porcento do total das trocas na região.

"Trocamos quatro vezes mais com a Europa do que entre nós", anotou, precisando que, no caso concreto de Cabo Verde, "existe a impressão" de que o país está mais virado para a Europa do que para os países da África Ocidental.

No entanto, ele fez questão de realçar que é apenas “uma impressão” e que há uma adesão de Cabo Verde à CEDEAO que “vai manifestar-se em factos".

Por sua vez, o ministro cabo-verdiano dos Negócios Estrangeiros reiterou que, para Cabo Verde, a integração na CEDEAO é muito importante, pelo que o Governo quer aprofundar as negociações com vista à implementação de uma ligação marítima entre o arquipélago e os outros países da Comunidade.

O governante garantiu, a propósito, que Cabo Verde tem “todo interesse” em ter essa ligação marítima porque, por ser um país insular, precisa de reforçar a sua integração na CEDEAO através da economia e do comércio.

Segundo ele, o Governo está a “trabalhar afincadamente” no sentido de ter uma ligação marítima, lembrando que uma companhia marítima já foi criada pelos 15 países-membros da CEDEAO, mas que falta pô-la a funcionar.

No que se refere à aplicação em Cabo Verde da TEC, que entrou em vigor a 01 de janeiro de 2015 e prevê a sua aplicação nas transações comerciais para impulsionar o comércio dentro da comunidade, Luís Filipe Tavares adiantou que o país apresentou uma proposta de calendário para a sua materialização que terá agora que ser negociada com a CEDEAO.

-0- PANA CS/IZ 13fev2017