Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano recebido pelo Papa Francisco

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, anunciou que será recebido em audiência, no Vaticano, pelo Papa Francisco no próximo dia 03 de junho.

Falando no seu regresso ao país, após participar na Cimeira da União Africana (UA) encerrada segunda-feira em Addis Abeba (Etiópia), Jorge Carlos Fonseca disse quarta-feira à imprensa que “depois de alguns contactos com o conhecimento do Governo e em articulação com o bispo de Santiago, D. Arlindo Furtado, e com o bispo do Mindelo, D. Ildo Fortes, assim como com o representante da Santa Sé em Cabo Verde, conseguimos uma audiência com o Papa Francisco às 11 horas de 03 de junho".

O chefe do Estado cabo-verdiano indicou que nesse encontro, que ele considera um "privilégio", sobretudo para si e enquanto líder de um país maioritariamente católico, irá abordar com o chefe da Igreja Católica alguns assuntos relevantes da vida internacional.

De entre os temas que pretende abordar com o Papa Francisco, Jorge Carlos Fonseca destacou o problema da instabilidade na sub-região oeste-africana, mas também a questão da "crise de valores mundial", assim como o papel que considera "importante" que a Igreja Católica tem em Cabo Verde.

O Presidente cabo-verdiano anunciou ainda que convidará o Papa para, numa ocasião oportuna, fazer uma visita ao arquipélago.

Jorge Carlos Fonseca destacou também o facto de a audiência acontecer a poucos dias de Cabo Verde assinar a Concordata com a Santa Sé, um documento que define o estatuto jurídico da Igreja Católica no arquipélago.

A Concordata entre a Santa Sé e Cabo Verde vai ser assinada a 10 de junho, na cidade da Praia, indicou, em comunicado, a Diocese do Mindelo (ilha de São Vicente), aquando da deslocação ao arquipélago do secretário do Vaticano para as Relações Exteriores, monsenhor Dominique Mamberti.

Segundo explicou D. Ildo Fortes, o bispo do Mindelo, uma das duas dioceses do arquipélago, o acordo "será, sem dúvida, um instrumento muito importante para a Igreja colaborar com o Estado Cabo-verdiano ao serviço do povo e na promoção da dignidade humana".

O prelado considera que "uma Concordata ou um Acordo, como vai ser o caso entre a Santa Sé e o Estado de Cabo Verde, assenta, antes de mais, numa base de confiança e de cooperação entre ambas as partes".

Para o bispo da Diocese de Santiago, D. Arlindo Furtado, o acordo dá à Igreja Católica "mais força" para atuar no seu trabalho de evangelização, além de ser um "instrumento para o futuro", estabelecendo regras próprias nas relações entre o Estado de Cabo Verde e a Igreja Católica.

"Havia uma concordata no tempo colonial, quando as regras eram outras. Agora tudo vai estar moldado à Constituição da República de Cabo Verde. Teremos também mais poder sobre a propriedade imóvel da Igreja Católica. São essas pequenas coisas que vão ficar definidas com regras próprias", concluiu o prelado que chefia a Diocese com jurisdição sobre as ilhas de Sotavento (sul) do arquipélago em Cabo Verde.

O Estado de Cabo Verde vai ser o primeiro país da Comunidade Económica dos Estados de Africa Ocidental (CEDEAO) a assinar uma concordata com o Estado do Vaticano.

De acordo com o censo de 2010, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística, 77,7 porcento dos Cabo-verdianos (260 mil) dizem ser católicos, seguidos de fiéis do racionalismo cristão (6.262), a religião muçulmana (6.008) e os cristãos nazarenos (5.644).

-0- PANA CS/TON 30maio2013