Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano pede consensos para se reconstruir país

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, considerou, quinta-feira, que é preciso o país construir entendimento e consensos em torno de aspetos essenciais, sobre a gestão da crise provocada pela pandemia da covid-19, apurou a PANA de fonte oficial.

O novo chefe do Estado cabo-verdiano, que tomou empossado a 09 de novembro corrente, fez este apelo numa mensagem publicada após receber os três partidos políticos com representação parlamentar, designadamente MpD, no poder, PAICV (maior força de oposição, e UCID, oposição,  para a análise da situação económica do país e do Orçamento do Estado, a ser debatido na próxima semana no Parlamento.

"Os tempos são difíceis e conturbados. Temos de construir entendimentos e consensos em torno dos aspetos essenciais referentes à gestão da crise, à reconstrução do país no pós-pandemia e à aceleração do processo de modernização do país", afirmou José Maria Neves.

Na sua mensagem, José Maria Neves  o Presidente assinala que “o sucesso da transição para a normalidade pós-pandémica depende da disponibilidade para o diálogo, do respeito pela diferença, do grau de confiança mútua e da capacidade de cedência dos principais atores políticos."

A seun ver, os cidadãos e a sociedade esperam dos políticos elevação, nobreza de espírito, defesa dos interesses nacionais e um sincero comprometimento com o bem comum.

À saída do encontro com o Presidente, os dois maiores partidos cabo-verdianos reconheceram a situação difícil por que passa o país, derivada da pandemia da covid-19, e pediram serenidade e diálogo sobre aspetos do Orçamento do Estado para 2022 e a situação económica.

"Há um esforço geral e um apelo a todos os partidos políticos com assento parlamentar para que, num ambiente de serenidade e de muita tranquilidade, se discuta o Orçamento do Estado e se vejam as melhores soluções para o país", pediu por sua vez a secretária-geral do Movimento para a Democracia (MpD, no poder), Filomena Delgado.

Do seu lado, o presidente interino do Partido Africano da Independência de Cabo Vede (PAICV, maior força da oposição), Rui Semedo, disse ter registado "com satisfação" a perspetiva do chefe do Estado de estar atento aos problemas do país, sobretudo ao impacto da crise, mas também ao caminho que tem que ser percorrido para o país enfrentar com sucesso a situação.

O também deputado da nação  manifestou "abertura muito grande para um diálogo profundo" sobre o quadro em que o país vive.

Mas pediu ao Governo para colocar em cima da mesa todos os dados e informações sobre o quadro orçamental, como a dívida pública, dossiês importantes em setores como os transportes, bem como propostas e compromissos para o futuro.

Terça-feira, também após ser recebido pelo Presidente da República, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse que o Orçamento do Estado para 2022 é "um dos mais difíceis" da história do país, pedindo, por isso, compreensão pelo momento.

"Estamos ambos imbuídos de um espírito positivo, que é fazer um bom combate na frente sanitária, económica e social, para criarmos as condições para que o país se possa manter e, ao mesmo tempo, haver a retoma da atividade económica e do emprego e da melhoria das condições de vida das famílias cabo-verdianas", garantiu o chefe do Governo.

Quarta-feira, o vice-primeiro-ministro de Cabo Verde, Olavo Correia, reconheceu que o o país "perdeu alguns anos com a pandemia da covid-19 e que é necessário aumentar-se a produtividade, nomeadamente através da formação."

"Cabo Verde perdeu alguns anos com a pandemia da covid-19, pelo que é hoje ainda mais urgente acelerar e elevar os níveis de exigência no tocante à produtividade. Neste enquadramento, a aposta no capital humano é um pilar-chave", disse Olavo Correia, que é também ministro das Finanças.

A proposta de lei do Orçamento do Estado de Cabo Verde para 2022 cifra-se em cerca de 73.000.000.000 escudos (660.000.000  euros), ou seja, menos dois por cento face ao orçamento em vigor.

Prevê um crescimento entre 3,5 por cento e seis por cento, para fazer a ponte entre a pandemia e a retoma económica, depois das previsões entre 6,5 por cento e sete por cento este ano, e da forte recessão económica de 14,8 por cento em 2020, por causa dos efeitos da pandemia da covid-19.

Já a inflação deverá situar-se entre 1,5 por cento e dois por cento, o défice orçamental ainda negativo (- 6,1 por cento), a dívida pública de 150,9 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e a taxa de desemprego a reduzir para 14,2 por cento, depois de 14,5 por cento nos últimos dois anos.

-0- PANA CS/DD 19novembro 2021