Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano convidado para emposse de homólogo da Guiné-Bissau

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, foi convidado para a cerimónia do seu emposse do seu novo homólogo bissau-guineense, Cissoko Embaló, a ter lugar em fevereiro próximo, a convite do seu novo apurou a PANA de fonte segura.

O convite foi-lhe entregue pessoalmente pelo próprio Presidente Embaló, que se deslocou sábado último à cidade da Praia, poara uma visita de algumas horas a Cabo Verde.

Em declarações a imprensa, após o encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, o Presidente Embaló disse ter recebido do seu interlocutor a garantia de que “Cabo Verde será das delegações mais bem representadas na cerimónia.”

“Guiné e Cabo Verde, temos uma história, somos irmãos e, é por isso, que eu passei aqui para testemunhar a minha eleição ao cargo de Presidente da República da Guiné e prometer  ao povo cabo-verdiano que Guiné-Bissau e Cabo Verde vão fortalecer ainda mais as suas relações. Também, para convidar o Presidente (Fonseca) para a cerimónia do meu emposse em fevereiro próximo”, acrescentou.

O Presidente da Guiné-Bissau eleito na segunda volta das eleições presidências realizadas a 29 de dezembro último, adiantou que, depois de empossado, Cabo Verde será o primeiro país a receber a sua visita na qualidade de chefe de Estado.

A visita à capital de Cabo Verde, de algumas horas, antecede uma outra a Portugal, a ter lugar nos próximos dias, a convite do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou.

Instado a comentar o recurso apresentado junto do Supremo Tribunal de Justiça pelo candidato derrotado, Domingos Simões Pereira, que alega "a ocorrência de graves irregularidades" no escrutínio e exige "a recontagem dos votos", bem como o pedido por ele feito à comunidade internacional para se pronunciar sobre "provas" de alegada fraude eleitoral, apresentadas à justiça do país, Umaro Sissoco Embaló disse ser um candidato da oposição e que, como tal, lhe-é  impossível fazer fraude eleitoral.

“É a primeira vez que estou a ouvir que um candidato da oposição faz fraude eleitoral. Quem geriu as eleições foi o Governo dele (Simões Pereira). Sou um homem de bem. O candidato derrotado já me tinha felicitado e agora está a reconsiderar a posição dele”, exclamou-se.

Sobre o pedido de impugnação das eleições sustentou que este é um discurso de perdedor, avisando que, desde 29 de dezembro último, a Guiné-Bissau deixou de ser uma “República de banana”.

“Domingos Simões Pereira pensa que a Guiné-Bissau continua a ser a República de banana, mas a Guiné-Bissau já mudou. Mudou desde o dia 29 de dezembro. Isso já é a segunda República, não será nunca mais aquele país em que cada um faz aquilo que quer”, acrescentou.

Sissoco Embaló garante que será o Presidente de todos os Guineenses e que perspetiva “boas relações” com o Governo, mesmo sendo ele um candidato apoiado pela oposição.

“Na Guiné-Bissau existe a separação de poderes. Eu sou o Presidente da República e não tenho nada contra o Governo. Vou exigir maior celeridade. Eu sou um homem da concórdia nacional e não vou lá para comprar problemas porque a Guiné-Bissau já tem problemas que chegam”, disse.

O seu desejo é ver a Guiné-Bissau melhor que Cabo Verde, Senegal e outros países.

De acordo com os resultados provisórios, o general Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), venceu o escrutínio com 53,55 por cento dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira, apenas 46,45 por cento.

Por discordar dos resultados da segunda volta das presidenciais de 29 de dezembro, Domingos Simões Pereira apresentou um recurso impugnatório junto do Supremo Tribunal de Justiça que, na Guiné-Bissau, também tem as competências do tribunal eleitoral, expondo-lhe um conjunto de elementos para provar alegadas fraudes no processo.

“Eu não sou o tribunal. Este é o papel do Tribunal”, retorquiu Embaló, que, nos últimos dias, visitou vários “países amigos e os Presidentes irmãos” no continente africano.

Na carta enviada aos diplomatas em Bissau, Domingos Simões Pereira junta os elementos que, segundo ele, comprovam as alegadas fraudes que apresentou ao tribunal.

-0- PANA CS/DD 12jan2020