Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano advoga mais recursos para imprensa privada

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, defendeu, quarta-feira, na cidade da Praia, a necessidade de o Estado encontrar soluções para dotar órgãos privados da comunicação social de mais recursos financeiros, “a bem da pluralidade e da democracia” no país.

Jorge Carlos Fonseca fea estes pronunciamentos quando presidia à cerimónia de abertura da conferência sobre “Liberdade de imprensa e censura na era digital”, promovida pela Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC), para assinalar o Dia Mundial da Liberdade Imprensa.

na ocasião, ele sublinhou que, para se ter uma democracia avançada que se pretende em Cabo Verde, há que haver uma imprensa livre e que, para ela ser livre, a mesma tem de ser plural.

Por isso mesmo, se o país se concentrar apenas nos meios de comunicação públicos, isto poderá condicionar a pluralidade das fontes de informação, indicou.

“Costuma-se dizer que os privados devem procurar os seus próprios meios de financiamento. Isto, teoricamente, pode ser interessante, mas num país com a dimensão de Cabo Verde pode ser complicado”, disse o Presidente cabo-verdiano.

A seu ver, é importante que também o Estado garanta, pelos próprios meios, a pluralidade de expressão que é nódulo da democracia.

Sublinhando que a confrontação é sempre importante nas democracias.

Por outro lado, o chefe de Estado alertou que o desaparecimento de órgãos de comunicação que tem vindo a acontecer em Cabo Verde “é sempre uma perda para a pluralidade da informação que se quer construir”.

A questão do financiamento é, segundo o Presidente da República, uma das formas subtis de censura.

Mencionou também a questão da autocensura que, de resto, é apontada num relatório da Organização Não Governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras (RSF), onde Cabo Verde está colocado na posição 27 do ranking da liberdade de imprensa.

Jorge Carlos Fonseca considera que as disfunções do mercado é um dos fatores que acaba por promover a autocensura.

No mesmo contexto, a presidente da Associação Sindical dos Jornalistas Cabo-verdianos (AJOC), Carla Lima, disse que a autocensura é um problema antigo no país, monstrando-se preocupada com o aumento dos casos nos últimos tempos, como apontou a RSF.

Segundo a jornalista, a autocensura está relacionada com a diminuição do espaço do mercado mediático cabo-verdiano, com a crise que se vive na imprensa privada, conde jornais têm sido encerrados nos últimos tempos.

"E o espaço para o exercício da liberdade de imprensa e de expressão é cada vez menor quando temos esta crise, a imprensa privada não tem meios de sustentabilidade e vê-se a braços com questões relacionadas até com o pagamento de salários dos profissionais", lamentou.

Para além da conferência sobre sobre “Liberdade de imprensa e censura na era digital”, a celebração do Dia mundial da liberdade de imprensa em Cabo Verde foi marcado por várias outras atividades, como uma campanha de doação de sangue por parte de jornalistas.

Também houve uma corrida da liberdade de imprensa e o anúncio dos vencedores do prémio nacional de jornalismo, denominado “Manuel Delgado”, destinado a jornalistas seniores e jovens do país, como forma de incentivar a produção e divulgação de trabalhos jornalísticos em mais diversos géneros.

-0- PANA CS/DD 04maio2017