Agência Panafricana de Notícias

Presidente cabo-verdiano advoga reflexão contínua sobre escravatura

Paris- França (PANA) -- A recente inscrição da Cidade Velha, centro histórico cabo-verdiano, na lista do património mundial é um elemento de reconforto que apela para a continuação sem ressentimento da reflexão sobre a escravatura, declarou terça-feira em Paris o Presidente de Cabo Verde, Pedro Pires.
"A inscrição da Cidade Velha no património mundial dá sentido ao combate que sempre levei a cabo durante toda a minha vida para garantir a identidade do país.
Posso regozijar-me com esta decisão a favor de Cabo Verde, terra de mestiçagem cultural e biológica", disse Pedro Pires durante uma entrevista à PANA na capital francesa.
Durante uma reunião em Sevilha, na Espanha, por ocasião da sua 33ª sessão, o Comité do Património Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) decidiu incluir a Cidade Velha, a ex-capital de Cabo Verde e primeira cidade fundada pelos Europeus na África Subsariana, na sua lista.
"É preciso continuar a reflexão sobre a escravatura, o tráfico negreiro.
Não se trata de provocar os velhos demónios, mas de tirar melhor proveito daquilo que os povos mestiços, quer do ponto de vista cultural quer biológico, deram à humanidade", sublinhou o Presidente Pires.
Expressou consequentemente o desejo de que o projecto Rota dos Escravos elaborado pela UNESCO se desenvolva e se estenda a fim de que as jovens gerações saibam o que significam o tráfico negreiro e a escravatura.
O Presidente cabo-verdiano disse que não se trata de um processo antiquado, mas sim de dar novamente uma dimensão pedagógica a esta página da nossa história comum e Cabo Verde, enquanto povo mestiço, dá uma grande importância a esta perspectiva.