Agência Panafricana de Notícias

Presidente angolano indignado com banalização de passaporte diplomático

Luanda, Angola (PANA) - O chefe de Estado angolano, João Lourenço, manifestou esta quarta-feira a sua indignação com o que chamou de "banalização do passaporte diplomático" do país e orientou a revisão imediata dos critérios da sua atribuição.

João Lourenço discursava na abertura, em Luanda, da oitava reunião dos embaixadores de Angola no exterior, a decorrer até sexta-feira com a presença dos 59 chefes de missões diplomáticas que representam o país na América, na Europa, na Ásia e em África.

"Precisamos de atualizar com urgência a relação das entidades com direito ao uso do passaporte diplomático, que venha pôr cobro ao atual estado de banalização deste importante documento com validade internacional", sentenciou.

Para o efeito, instruiu as autoridades competentes a recolher "ou pelo menos não renovar um número de passaportes em posse de cidadãos que, até prova em contrário, não exercem, nunca exerceram ou deixaram de exercer qualquer função que os habilita a ser detentores dos mesmos".

"Queremos inaugurar uma era de maior responsabilização, onde não toleraremos a má gestão financeira e patrimonial ou ainda o nepotismo praticado por alguns quadros responsáveis do próprio Ministério (das Relações Exteriores) ou por chefes de missões diplomáticas", asseverou.

O Presidente João Lourenço convidou os responsáveis do Ministério das Relações Exteriores (MIREX) a trabalhar para "uma mudança radical" na gestão deste departamento, fazendo "uma gestão parcimoniosa e exemplar dos fundos e do património" da instituição.

Declarou que pretende ver "um MIREX organizado e funcional, onde se respeite a carreira diplomática, promovendo-se uma rotação normal de embaixadores e de pessoal, permitindo-se assim a estabilização do Ministério e a sua adequação aos melhores padrões internacionais".

Lembrou que a diversificação da economia nacional que o Governo colocou no topo da sua agenda exige uma diplomacia mais eficiente e virada para a promoção da boa imagem do país, captação do investimento privado estrangeiro e promoção de Angola como destino turístico.

No seu entender, essa meta deverá ser alcançada com uma maior racionalização de recursos, reduzindo o número e o pessoal de missões diplomáticas e postos consulares.

Este exercício permitirá aumentar o número de países com embaixadores acreditados mas não residentes, sublinhou, considerando esta uma "prática normal a que recorrem de uma forma geral todos os países (...) e que em nada diminui a eficiência no atendimento aos países com quem mantêm relações diplomáticas".

Trata-se, segundo o chefe de Estado angolano, de "medidas corajosas mas necessárias", em que na hora de decidir quem fica e quem volta para o país, "o mérito deve ser premiado".

"Esta deve ser uma oportunidade que o senhor ministro (das Relações Exteriores) com certeza não perderá para mexer naqueles funcionários sem qualificações, que foram nomeados apenas por serem familiares ou de alguma forma protegidos deste ou daquele político", alertou.

-0- PANA IZ 23maio2018