Agência Panafricana de Notícias

Preços da oferta turística descem 3,5% em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) - Os preços da oferta turística, em Cabo Verde, desceram 3,5 por cento, no primeiro trimestre, face ao mesmo período de 2019, por efeito da crise económica provocada pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Entre outras consequências, a covid-19 provocou o encerramento do arquipélago às ligações do exterior com reflexos negativos no setor do turismo, apurou a PANA de fonte estatística.

O Índice de Preços Turísticos (IPT), divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) cabo-verdiano, indica que a variação dos preços no setor turístico registou um resultado inferior em 0,9 pontos percentuais (-3,5%) de janeiro a março últimos, face ao primeiro trimestre de 2019.

A variação abrangeu os preços dos bens e serviços considerados representativos da estrutura de consumo, desde hotéis a restaurantes, passando por entretenimento ou aluguer de veículos.

No primeiro trimestre de 2020, o IPT atingiu 109,34 pontos contra os 113,29 pontos, no mesmo período de 2019, 120,31 pontos de 2018 e 117,40 pontos de 2017.

O estudo do INE indica que a variação do IPT no primeiro trimestre de 2020 foi positiva (2,3%), face ao trimestre imediatamente anterior, contra 1,4 por cento do período idêntico de há um ano.

O setor do turismo tem sido, nos últimos anos, a principal atividade económica, em Cabo Verde, tendo o Governo previsto que as receitas do turismo renovem, em 2020, máximos históricos, chegando aos 47 mil 918 milhões de escudos cabo-verdianos, o equivalente a quase 23 por cento de toda a riqueza produzida, no país.

Em todo o ano passado, Cabo Verde recebeu mais de 800 mil turistas e o Governo tinha a meta de ultrapassar o milhão de turistas anuais, a partir de 2021, que fica agora ameaçada pela pandemia da covid-19.

O vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, admitiu, em 26 de março último, que, devido aos efeitos da pandemia, o país deverá perder meio milhão de turistas, em 2020, quebra superior a 60 por cento face a 2019, além de um corte de quatro porcento no Produto Interno Bruto (PIB).

“A economia de Cabo Verde vai perder cerca de 500 mil turistas este ano, em relação a 2019. Com isso, o país vai ter uma redução de cerca de três milhões de dormidas”, afirmou Olavo Correia.

O também ministro das Finanças explicou que, em consequência deste cenário, “as receitas fiscais vão reduzir-se em aproximadamente 12 milhões de contos [12 mil milhões de escudos cabo-verdianos ou 107 milhões de euros]”.

Além disso, disse, as receitas totais do Estado de Cabo Verde “vão diminuir em cerca de 18 milhões de contos [160 milhões de euros] em relação ao previsto no Orçamento de Estado de 2020”.

Nos últimos três anos, a economia cabo-verdiana estava a crescer acima dos cinco por cento ao ano, mas a crise provocada pela pandemia deve interromper este ciclo de crescimento positivo, ficando o país sob o espetro de uma recessão já este ano.

-0- PANA CS/IZ 21abril2020