Agência Panafricana de Notícias

Perceção de corrupção volta a aumentar em Cabo Verde, diz estudo

Praia, Cabo Verde (PANA) – A perceção da corrupção pelos cabo-verdianos voltou a aumentar em 2022, segundo um estudo intitulado "afrobarómetro" apresentado quarta-feira na cidade da Praia.

O "afrobarómetro" constitui uma rede de pesquisa apartidária que realiza pesquisas de opinião pública sobre a democracia, governação, condições económicas e assuntos relacionados em cerca de 37 países africanos, segundo a mesma fonte.

No caso de Cabo Verde, e de acordo com este inquérito regular, no último ano 47 por cento dos inquiridos consideraram que, enquanto perceção, a corrupção em Cabo Verde aumentou (49 por cento no anterior estudo, em 2019, e 39 por cento em 2017), e que 33 por cento responderam que a mesma permaneceu igual (25 por cento em 2019 e 29 por cento em 2017).

Apenas 11 por cento respondeu que a corrupção diminuiu no último ano, quando, em 2019, essa percentagem foi de 12 por cento e, em 2017, de 20 por cento.

Ao apresentar as conclusões do estudo, que foca a qualidade da democracia, as condições económicas, a corrupção e a confiança nas instituições, o diretor-geral da Afrosondagem, José Semedo, parceiro cabo-verdiano do "Afrobarómetro", declarou que, quando interrogados sobre o desempenho do Governo no combate à corrupção, os cabo-verdianos, cerca de 43 dos inquiridos responderam que avaliam negativamente o Governo nesta matéria.

"Estes dados têm vindo a aumentar. Desde 2011 que essa perceção da corrupção por parte da população tem vindo a aumentar. Cabe às entidades públicas, todas elas, não apenas o Governo, darem um sinal à população de que realmente há combate à corrupção", afirmou Semedo.

Segundo o mesmo estudo, a perceção de corrupção é maior na Polícia Nacional, onde passou de 22 por cento, em 2019, para 27 por cento, nos deputados à Assembleia Nacional (Parlamento), em que aumentou de 14 por cento para 24 por cento, envolvendo o primeiro-ministro ou o seu gabinete, de 14 por cento para 22 por cento, entre os juízes e magistrados, de 11 por cento para 21 por cento, mas também entre funcionários públicos, vereadores e Presidente da República e respetivo gabinete (20 por cento).

No entanto, apesar do aumento dos indicadores de perceção de corrupção, o nível global de confiança nas instituições cabo-verdianas também aumentou de 2019 para 2022, com destaque para as Forças Armadas, de 60 por cento para 74 por cento, o Presidente da República (Jorge Carlos Fonseca até 2021 e José Maria Neves desde então), que subiu de 50 por cento para 65 por cento, nos líderes religiosos, de 53 por cento para 54 por cento, na Comissão Nacional de Eleições, de 41 por cento para 61 por cento, na Polícia Nacional, de 47 por cento para 60 por cento, nos tribunais, de 49 por cento para 60 por cento, no primeiro-ministro, de 36 por cento para 57 por cento, nos partidos da oposição, de 29 por cento para 52 por cento, e no Parlamento de 33 por cento para 48 por cento, entre outros.

Sobre a "performance" ao avaliar o desempenho das funções nos últimos 12 meses, apenas 47 por cento avaliaram positivamente os deputados (34 por cento em 2019), enquanto o primeiro-ministro foi avaliado positivamente por 60 por cento dos inquiridos (40 por cento em 2019), e o Presidente da República por 72 por cento (63 por cento em 2019).

O estudo "Afrobarómetro" é realizado regularmente nos países africanos e, em Cabo Verde (que já realizou em 2002, 2005, 2008, 2011, 2014, 2017 e 2019), contou com inquéritos de abrangência nacional a 1.200 pessoas com mais de 18 anos feitos de 22 de julho a 05 de agosto de 2022, uma margem de erro de três por cento e um nível de confiança de 95 por cento, segundo dados da Afrosondagem que o realizou.

-0- PANA CS/DD 20jan2023