Agência Panafricana de Notícias

Partido no poder define estratégias para próximos três anos em Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – A XI Convenção Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, inicia-se esta sexta-feira na cidade da Praia para, entre outros assuntos, debater e aprovar propostas de alteração dos estatutos e uma moção de estratégia partidária para os próximos três anos, apurou PANA na capital cabo-verdiana.

A primeira reunião magna do MpD, depois da sua vitória nas eleições legislativas de 20 março de 2016 e que ditou o seu regresso ao poder, vai ser também o momento de aclamação do presidente do partido e primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, reeleito pelos militantes nas eleições diretas de 08 de janeiro último, com uma votação a rondar os 99 porcento.

Em conferência de imprensa, quinta-feira, na cidade da Praia, a presidente da comissão organizadora da Convenção do MpD, Filomena Gonçalves, anunciou que 300 delegados do país e das comunidades cabo-verdianas no estrangeiro vão debater e aprovar um “leque de propostas de alteração aos estatutos para que se possa dar condições ao partido a fim de continuar a dar suporte ao Governo… com olhos postos no futuro e na realização dos desafios que o país enfrenta”.

Filomena Gonçalves considera necessário haver uma “sintonia para que o sistema funcione no seu pleno”.

A este propósito, ela fez referência ao artigo 66 dos estatutos do MpD, que introduz regime de incompatibilidades entre o exercício de cargos públicos e cargos partidários, de modo a “separar as águas”, ou seja separar o Estado do partido.

“Quem esteja à frente de certas instituições estatais, tem que canalizar toda a sua energia e dedicação a esta causa”, indicou o também membro da Comissão Política Nacional do MpD, acrescentando que estes dirigentes têm que estar acima de qualquer interesse partidário, tendo como foco os interesses do país e dos Cabo-verdianos.

Para Filomena Gonçalves, estão lançados os dados para que o partido saia desta Convenção “forte e coeso” com o objetivo de “contribuir para o desenvolvimento do país”.

Após as sucessivas vitórias legislativa e autárquica do ano de 2016, a presidente da comissão organizadora da reunião magna do MpD espera que saia desta Convenção a resolução de que o partido “vai continuar a sua obrigação, compromisso e assunção do caderno de encargos de colocar Cabo Verde sempre em primeiro lugar”.

O MpD afirma-se como um partido "centrista, aberto e interclassista", inserindo-se na Internacional Democrata do Centro (IDC), a mesma família política do PSD (partido Social Democrático).

Fundado em 12 de março de 1990 e tendo como primeiro presidente Carlos Veiga, esta formação política venceu, a 13 de janeiro de 1991, as primeiras eleições democráticas de Cabo Verde com maioria qualificada, repetindo a vitória em 1995.

Em 2001, passou para a oposição após derrotado pelo Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), então liderado por José Maria Neves.

Regressou ao poder sob a liderança de Ulisses Correia e Silva, gestor e antigo autarca da capital cabo-verdiana, e depois de ter ganho as eleições legislativas de março de 2016 com maioria absoluta.

A XI Convenção do MpD, que termina no próximo sábado, conta com a presença de representantes de partidos políticos da mesma família política, nomeadamente o Partido Social Democrata (PSD), de Portugal, na pessoa do seu secretário-geral, Matos Rosa, enquanto a delegação do CDS-Partido Popular do mesmo país é encabeçada pela sua líder, Assunção Cristas.

A Renamo (maior partido da oposição em Moçambique) é representada pelo membro da Comissão Permanente, Manteigas Gabriel, e também chefe da delegação deste movimento liderado por Afonso Dlakama nas negociações com o Governo, enquanto, por conta da Aliança Democrática Independente (ADI), principal partido de oposição que governa em São e Príncipe, vem o seu secretário-geral, Levy Nazaré.

De Angola, vêm representantes do Movimento Popular de Libertação (MPLA, no poder), da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA, principal partido da oposição) e da CASA-CE, terceira força política com assento no Parlamento angolano.

-0- PANA CS/DD 02fev2017