Agência Panafricana de Notícias

Parceiros alertam para risco de sobre-endividamento de Cabo Verde

Praia, Cabo Verde (PANA) – O Grupo de Apoio Orçamental (GAO) volta a alertar para o risco de sobre-endividamento do país, apesar da sua redução no ano de 2017 para 126 porcento do Produto Interno Bruto (PIB), apurou a PANA de fonte segura.

A missão do GAO, integrada por representantes do Banco Mundial (BM), do Luxemburgo, da União Europeia (UE), voltou a chamar, na semana passada, a atenção para “a importância de se concluir rapidamente as negociações em curso, especialmente em relação à companhia aérea cabo-verdiana, a TACV".

Os parceiros de Cabo Verde sublinham também a necessidade de "se prosseguir com reformas noutras empresas e programas que representam uma pressão financeira imediata no orçamento de Estado".

Por outro lado, o GAO considera que, "embora seja importante mostrar resultados que garantam o financiamento do orçamento, as autoridades são encorajadas a garantir que as transações cumpram os princípios de competitividade, de abertura e boa relação custo-benefício".

Cabo Verde tem em curso a reestruturação da companhia pública de aviação Cabo Verde Airlines (TAVC) com vista à sua privatização que, segundo o Governo, deverá acontecer até ao final do ano de 2018.

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, presente na conferência de imprensa, não se comprometeu a dar uma data para a conclusão da venda da companhia pública.

"A TACV devia ter sido privatizada ontem. O processo já começou com a avaliação da empresa, e temos um cronograma para podermos receber a proposta técnica e financeira. Estamos a trabalhar para que o mais rapidamente possível tenhamos concluído este processo", disse.

O responsável sublinhou que "é um processo urgente pelos custos que a empresa representa para o orçamento de Estado", mas ressalvou que "não depende apenas do Governo, mas do mercado e dos investidores".

Os parceiros de Cabo verde fizeram igualmente a avaliação da economia cabo-verdiana, destacando que, apesar da estar a recuperar "de uma prolongada desaceleração desde a crise mundial de 2008, com o crescimento real do PIB a alcançar 3,9 porcento em 2017", os riscos de deterioração "permanecem elevados".

"Um abrandamento do crescimento projetado, atrasos na reestruturação das empresas públicas e nas reformas estruturais podem inviabilizar os esforços em curso para se fazer face aos desequilíbrios externos e aos orçamentais, e reduzir-se o peso da dívida. Este cenário poderia ser ainda agravado pelo crescimento mais fraco na Europa, por condições financeiras globais mais restritivas e por desastres naturais", considera o GAO.

Ao destacar os sinais positivos dados pela economia cabo-verdiana no ano d 2017, com o crescimento do PIB em 3,9 porcento, bem como o aumento da procura interna, o porta-voz do GAO, Serge N’Guessan, disse que, em relação ao emprego e à formação profissional, foram deixadas “recomendações sólidas” ao Governo de Cabo Verde, principalmente no que diz respeito aos jovens.

“O Governo fez algumas reformas, mas tem de as continuar. Trata-se de uma matéria importante. A situação é complexa, mas os jovens não esperam”, advertiu N’Guessan, frisando ser preciso encontrar-se melhores soluções, não apenas no sentido de educar os jovens e dotá-los de competências, mas também de os introduzir no mercado do trabalho.

A seu ver, trata-se também de fornecer aos jovens qualificações para que criem seus próprios empregos.

“Esta é uma matéria em que todos os setores têm que estar envolvidos e não apenas o Governo”, sublinhou.

-0- PANA CS/DD 10julho2018