Agência Panafricana de Notícias

PAIGC quer posição “muito clara e sem equívocos” de Cabo Verde sobre Guiné-Bissau

Praia, Cabo Verde (PANA) - O Partido Africano de Independência de Guiné e Cabo Verde (PAIGC) espera que Cabo Verde assuma uma posição “muito clara e sem equívocos” para que influencie outros países, nomeadamente os seus pares da Comunidade Económica de Desenvolvimento dos Países da Africa Ocidental (CEDEAO) para assumirem uma posição que tenha em conta a escolha livre feita pelo povo bissau-guineense, a 10 de março ultimo, declarou sábado na cidade da Praia o presidente do referido partido político guineense, Domingos Simões Pereira.

Domingos Simões Pereira lançou este apelo quando falava à imprensa, à saída de uma audiência que lhe concedeu o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.

Disse ter abordado, durante o encontro de quase uma hora, com chefe do Estado cabo-verdiano e também o Presidente em exercício da Comunidade de Países Língua Portuguesa (CPLP), a atual situação política na Guiné-Bissau, à luz dos últimos acontecimentos.

Conforme Domingos Simões Pereira, o facto de Cabo Verde ser um país membro da CEDEAO faz com que o chefe do Estado cabo-verdiano esteja bem posicionado para ajudar outros países desta comunidade oeste-africana a compreenderem a coerência do sistema do Governo que existe na Guiné-Bissau e em Cabo Verde, dois países com uma Constituição similar.

No entanto, ele salientou que, contrariamente ao que é automático em Cabo Verde e noutra parte do mundo, apenas na Guiné-Bissau é que o Presidente da República se questiona se aceita ou não os resultados das eleições.

“Nós esperamos de Cabo Verde uma posição muito clara e uma posição sem equívocos, que possa permitir o respeito por parte dos outros pares por aquilo que é a escolha livre feita pelo povo guineense”, reiterou.

O líder do PAIGC disse esperar também que todos os países membros das organizações a que pertencem à Guiné-Bissau ajudem também, clarificando a sua posição e colocando pressão para o respeito pela ordem constitucional na Guiné-Bissau.

Entretanto, Domingos Simões Pereira reafirmou a possibilidade de se candidatar ao cargo do Presidente da República nas próximas eleições, caso não seja indigitado como chefe de Governo.

“Agora, se não for confirmado no posto de primeiro-ministro, eu continuo presidente do maior partido político na Guiné-Bissau. E o partido tem a liberdade e o direito de me utilizar nas competências e latitudes que entender”, precisou.

Questionado sobre a posição manifestada pelo chefe do Estado de Cabo Verde sobre a atual situação na Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira disse apenas que Jorge Carlos Fonseca lhes ouviu “com muita atenção” e quis tirar a limpo todos os aspetos e compreender de que forma é que ele pode ajudar.

Neste sentido, ele disse ter entendido, claramente, não haver intenção, por parte de Jorge Carlos Fonseca, de se ingerir em assuntos internos da Guiné-Bissau.

“Há intenção de ajudar e nós também respeitamos este princípio e demos ao Presidente da República a nossa versão dos factos, mas com a melhor objetividade para se poder evitar qualquer interpretação errada daquilo que foram as nossas conversas”, frisou.

O PAIGC venceu as eleições legislativas de 10 de março último sem maioria, conseguindo eleger 47 deputados. Mas fez um acordo de incidência parlamentar com a União para a Mudança, o Partido da Nova Democracia e a Assembleia do Povo Unido–Partido Democrático da Guiné-Bissau, que juntos representam 54 dos 102 deputados do Parlamento guineense, refere-se.

Após quase três meses do ato eleitoral, lembra o líder do partido vencedor das eleições legislativa na Guiné-Bissau, o Presidente bissau-guineense, José Mário Vaz, ainda não indigitou o primeiro-ministro para permitir a formação do governo, alegando um diferendo que  marca a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular (ANP).

-0- PANA CS/DD 09junho2019