Agência Panafricana de Notícias

Oxfam convida dirigentes africanos a priorizar paz no leste da RDC

Addis Abeba, Etiópia (PANA) – Os chefes de Estado e de governo africanos reunidos na 20ª cimeira ordinária da União Africana (UA) devem tomar "medidas audaciosas" para restaurar a paz no leste da República Democrática do Congo (RDC), defendeu a agência humanitária internacional Oxfam.

Convidando a UA a intensificar com urgência a sua reação face aos "grandes sofrimentos humanos nesta região", a agência indicou que, desde que o grupo armado "M23" se retirou de Goma depois de ocupar a cidade em novembro último, a comunidade internacional "desviou as suas atenções deste conflito".

Segundo a Oxfam, as populações continuam a fugir os ataques contra as suas aldeias e as extorsões e pilhagens diárias por 25 grupos armados ou mais.

Apenas no Kivu-Norte, cerca de um milhão de pessoas foram deslocadas e só têm acesso a serviços básicos mínimos e são muito pouco protegidas contra as violências.

"Anos de políticas internacionais no leste da RDC não conseguiram pôr termo aos sofrimentos das populações e está na hora de a UA passar à velocidade superior", disse o chefe do escritório da Oxfam junto da UA, Désiré Assogbavi.

"Os próximos dias vão oferecer uma oportunidade crucial aos dirigentes do nosso continente para porem termo a esta crise inaceitável. As vidas de alguns milhares de cidadãos africanos estão ameaçadas", acrescentou.

Um recente inquérito da Oxfam sobre a cidade de Masisi no Kivu-Norte revela que dezenas de milhares de pessoas vivem no terror.

Pontos de água e infraestruturas foram destruídos e a cólera e outras doenças propagam-se rapidamente enquanto as agências de ajuda não reagem de modo adequado devido aos combates.

Existem doravante mais de 60 campos na região enquanto as populações fogem os ataques dos grupos armados e a Oxfam deve intensificar as suas operações em Rubaya, onde mais de 40 mil pessoas se refugiaram num campo onde não há água potável.

De acordo com a Oxfam, 15 mil pessoas deslocadas vivem ainda nos campos à volta da cidade de Goma.

Por outro lado, a Oxfam convidou a UA a reforçar o seu apoio à Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos, formada por 12 países africanos, para encontrar uma solução a esta crise.

"Apesar dos sofrimentos, existe doravante uma real oportunidade para a paz e a estabilidade, e a UA deve aproveitar esta chance. Os nossos dirigentes devem enviar uma mensagem de esperança e paz às centenas de milhares de deslocados em todo o leste da RDC", disse Assogbavi.

A RDC é um dos maiores países da África Subsariana e o impacto desta crise tem consequências sobre a estabilidade do resto do continente, sublinhou a agência humanitária.

Mais de 500 mil refugiados congoleses continuam em campos no Uganda e no Rwanda e, nas últimas semanas, milhares de outros atravessaram a fronteira.

-0- PANA AR/VAO/FJG/TBM/SOC/CJB/IZ 26jan2013