Agência Panafricana de Notícias

Oposição angolana declina convite para entrevistas isoladas na Televisão pública

Luanda, Angola (PANA) - Os dois principais partidos da oposição angolana declinaram o convite da Televisão Pública de Angola (TPA) para entrevistas individuais nesta estação estatal aos seus candidatos presidenciais às eleições gerais de 23 deste mês.

Trata-se da UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), principal partido da oposição, e da CASA-CE (Coligação Ampla de Salvação de Angola/Coligação Eleitoral), a segunda maior força política da oposição, que preferem todas um debate em direto com o candidato presidencial do partido no poder (MPLA), João Manuel Gonçalves Lourenço.

A TPA programou entrevistas individuais com os candidatos presidenciais das seis formações políticas concorrentes, tendo iniciado com Benedito Daniel, do PRS (Partido de Renovação Social), e Quintino Moreira, da APN (Aliança Patriótica Nacional).

Este programa de entrevistas, denominado “Especial Informação”, e realizado sob o lema: “Situação do Partido face às eleições de 2017”, tem sido criticado por, entre outras razões, ser sempre seguido por um painel de analistas do MPLA "que servem para distorcer e fazer ataques às posições dos candidatos às próximas eleições pela oposição".

Segundo as mesmas críticas, os entrevistadores "revelam também uma conduta não profissional traduzida na sua parcialidade, razão pela qual a CASA-CE e a UNITA recusam-se a perder tempo com esta estratégia do regime através da TPA".

Na sua carta de recusa do convite, a CASA-CE considera que as entrevistas propostas "não acautelam o equilíbrio e igual tratamento das forças políticas concorrentes"

Considera igualmente que a postura da TPA, na pré campanha e na campanha eleitoral "é de favorecimento nítido do MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola), em detrimento das demais forças políticas concorrentes".

"A CASA-CE e o seu presidente consideram indispensável e de grande utilidade a necessidade de se elucidar o eleitorado, sobre a sua identidade, atividade e Programa do Governo, estando disponíveis para participar em atividades do tipo", refere o documento.

Por isso, diz a nota, a CASA-CE propõe a realização de um debate televisivo em direto, entre os candidatos presidenciais das seis formações concorrentes, a ser organizado com a participação destas, correspondendo à expetativa da opinião pública nacional e Internacional.

De igual modo, a UNITA de Isaías Samakuva diz não ser do interesse público a realização de entrevistas individuais, pelo que também privilegia a sua proposta para um debate televisivo em direto com o candidato do partido no poder, João Lourenço.

"Consideramos não ser de interesse público o expediente alternativo das entrevistas individuais, organizadas por V/exas, pelo que declinamos o convite que nos foi formulado para uma entrevista ao candidato da UNITA para o próximo dia 14 de agosto”, lê-se na sua nota de recusa.

No entender da UNITA, a TPA “converteu-se numa autêntica máquina de propaganda político-partidária que utiliza o património público e os seus espaços privilegiados para publicitar a plataforma político-eleitoral do partido MPLA e do seu cabeça de lista”.

Angola vive atualmente o período da campanha eleitoral que deverá culminar com a realização das eleições gerais de 23 de agosto corrente a serem disputadas por seis formações políticas no total, incluindo a UNITA, a CASA-CE o MPLA.

Os demais concorrentes são o PRS (Partido de Renovação Social), a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola) e a APN (Aliança Patriótica Nacional).

Todas as formações políticas concorrentes propuseram os seus candidatos presidenciais, designadamente João Lourenço, Isaías Samakuva da UNITA, Abel Chivukuvuku (CASA-CE), Benedito Daniel (PRS), Lucas Ngonda (FNLA) e Quintino Moreira (APN).

João Lourenço, então ministro da Defesa e atual vice-presidente do MPLA, entrou na corrida por desistência de José Eduardo dos Santos, atual Presidente da República e líder do partido no poder, que anunciou a sua retirada da vida política em 2018, após 39 anos no poder.

-0- PANA IZ 12ago2017