Agência Panafricana de Notícias

Oposição acusa Governo cabo-verdiano de recuo nos compromissos eleitorais

Praia, Caabo Verde (PANA) - O Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), principal força da oposição no arquipélago, acusou o Governo, em funções desde abril passado, de estar a distanciar-se dos “discursos da campanha” para não cumprir as promessas que levaram os Cabo-verdianos a acreditar nas propostas do atual partido no poder.

Reagindo segunda-feira às recentes medidas anunciadas pelo Governo do Movimento para a Democracia (MpD), o membro da Comissão Política do PAICV, Humberto Brito, disse que os “recuos do Governo do MpD nos compromissos eleitorais” deixam defraudadas as expetativas dos Cabo-verdianos e que a “felicidade prometida terá, infelizmente, de ser adiada”.

Humebrto Brito, que foi ministro do Turismo no último Governo formado pelo PAICV, antes das eleições de 20 de março, manifestou a sua preocupação face à não atualização salarial para 2017, ao aumento do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em 0,5 porcento e ao aumento das tarifas de energia elétrica e água em 10,73 e 4,4 porcento, respetivamente.

“Quando todos esperavam que o Governo do MpD iria promover uma redução das tarifas de água e de energia, eis que o país assiste, de uma assentada, a um aumento considerável dos preços destes dois bens, que são de primeira necessidade e importantes fatores de produção para as nossas empresas”, anotou Humberto Brito.

Em relação ao aumento do IVA, por forma a encontrar-se uma solução para o financiamento dos estragos provocados pelas últimas chuvas, na ilha de Santo Antão, Humberto Brito disse que o PAICV, enquanto partido da esquerda, "prima pela solidariedade” pelo que não é contra, mas que esperaria uma “solução diferente”.

Isto porque, lembrou, quando o MpD se encontrava na oposição criticou “duramente o então governo do PAICV” pela mesma solução adotada quando dos estragos provocados pela erupção vulcânica na ilha do Fogo.

Para ele, o Governo ao adoptar uma solução que criticou no passado revela falta de coerência.

Humberto Brito criticou, igualmente, o “congelamento dos salários” quando, asseverou, o MpD, depois de anos de críticas e incitações com um discurso centralizado no aumento salarial “com claros objetivos de criar instabilidade social/laboral no país”, deixou cair a promessa feita durante a campanha eleitoral de proceder, anualmente, à atualização salarial em Cabo Verde.

Por tudo isto, considera o PAICV que as críticas e promessas do MpD mais não foram do que um meio para chegar ao poder e depois “relegar tudo o que prometeu para o esquecimento”.

Neste sentido, opartido que foi derrotado nas eleições de 20 de março passado, depois de ter estado 15 anos no poder, promete fazer o seu papel de oposição, na defesa do interesse dos Cabo-verdianos e do “cumprimento escrupuloso dos compromissos do programa” apresentado ao eleitorado pelo MpD.

-0- PANA CS/IZ 25out2016