Agência Panafricana de Notícias

Obama visita símbolo da Escravatura no Gana

Accra- Gana (PANA) -- Quando o Presidente norte-americano Barack Obama visitar, a 12 de Julho próximo, a Fortaleza da Costa do Cabo, situada a cerca de 160 quilómetros a oeste da capital ganense, Accra, no quadro da sua deslocação de dois dias ao Gana, será confrontado com marcas indeléveis dum dos horrores da história da humanidade, o Tráfico de Escravos.
Classificada hoje património da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a Fortaleza testemunha este comércio odioso que foi o Tráfico de Escravos, e por onde transitaram vários milhões de Africanos, essencialmente originários da África Ocidental e Central com destino às Américas dos séculos XVI e XIX para trabalhar nas plantações.
Ela comporta as masmorras de detenção dos escravos que foram largamente deixadas intactas e a "porta do não regresso" por onde passavam os escravos antes de entrar em barcos que os esperavam.
É este lugar que o Presidente Obama, o primeiro afroamericano a ocupar a Casa Branca, escolheu para visitar.
As visitas à Fortaleza, nomeadamente por Africanos da diáspora, foram sempre momentos marcados pela emoção, em que alguns choram sem poder controlar-se ao tomar contacto com a desumanidade a que os seus antepassados foram submetidos.
O Presidente poderá também ceder à emoção.
A Costa do Cabo foi construída em 1653 pela Swiss Africa Company e baptizada Carolusborg em homenagem ao Rei Charles X da Suécia.
Foi principalmente dedicada ao comércio da madeira e do ouro, matéria-primas que abundam no Gana, e mudou de ocupantes ao longo de diferentes guerras antes de ser utilizada mais tarde para o comércio transatlântico de escravos.
Foi depois restaurada pelos Britânicos que fizeram dela a sede do Governo antes de transferir a sede da administração para o castelo Christiansborg em Accra.
O Presidente Obama e a sua esposa, Michelle, chegam a 10 de Julho próximo a Accra, por ocasião da primeira visita oficial do inquilino da Casa Branca à África Subsariana.
A sua agenda ainda não foi claramente divulgada, mas, segundo fontes, ele manterá discussões que deverão permitir abordar essencialmente questões sobre a democracia e a economia, nomeadamente graças às potencialidades do Gana de exportar petróleo a partir de 2010.
De facto, as descobertas de jazigos de petróleo offshore no oeste do Gana, essencialmente por duas companhias - Tullow Oil e Kosmos Oil - anunciadas em 2008, fixam as reservas em cerca de dois biliões de barris.
Estas descobertas poderão colocar o Gana entre os actores emergentes da cena petrolífera africana, juntando-se assim ao círculo dos produtores africanos formado pela Líbia, pela Argélia, pela Nigéria e por Angola.
O ex-Presidente norte-americano, Bill Clinton, chegou a pronunciar um discurso diante duma multidão imensa, no Largo da Independência, em Accra, durante a sua visita em 1998 ao Gana.
O actual Governo de centro-esquerda do Congresso Nacional Democrático, que estava no poder durante a visita de Clinton, quererá atrair desta vez mais mundo para vir ver o carismático novo Presidente norte-americano, Barack Obama.
As autoridades estão a aperfeiçoar os preparativos da visita de Obama que elas pretendem calorosa e memorável.
As bandeiras dos dois países foram erguidas em locais importantes, ao passo que fotografias dos líderes dos dois países e das suas esposas decoram as ruas.
A venda dos objectos de lembrança aumentam - camisolas, chaveiros e outros - uns mostrando a efígie de Obama e outros as dos dois líderes e das suas esposas.
O ministro da informação, Zita Okaikoi, pediu aos Ganenses para fazer da visita de Obama "um momento raro na história", e será sem nenhuma dúvida o caso.