Agência Panafricana de Notícias

ONU quer eleições "inclusivias, transparentes e pacíficas" no Uganda

Kampala, Uganda (PANA) - O Secretário-Geral (SG) das Organização das Naões Unidas (ONU), António Guterres, pediu um processo eleitoral "inclusivo, transparente e pacífico" em todo território do Uganda.

Guterres posicionou-se assim na abertura das eleições presidenciais e parlamentares ugandesas, quinta-feira.

O SG da ONU exprimiu a sua preocupação com relatos de violência e tensão em algumas partes do país, exortando a todos os atores políticos e aos seus apoiantes a evitarem recorrer a discursos de ódio, de intimidação e de violência.

"Qualquer diferendo eleitoral deve ser resolvido por meios legais e pacíficos", aconselhou Guterres numa nota divulgada em Nova Iorque, a sede onusina nos Estados Unidos.

Na sua declaração, o SG da ONU exortou as autoridades do Uganda, em particular as forças de segurança, a darem prova de muita moderação durante este período e agirem de acordo com os princípios estabelecidos dos direitos humanos.

Concluindo, Guterres reiterou o compromisso das Nações Unidas de apoiarem os esforços do país para promover o desenvolvimento sustentável e construir um futuro próspero.

Um dos líderes mais antigos de África, Yoweri Museveni, no poder desde 1986, concorre para um sexto mandato e com dez outros candidatos, incluindo um popular cantor, Robert Kyagulanyi, mais conhecido como Bobi Wine.

O vencedor deve obter mais de 50 por cento dos votos, caso contrário, haverá uma segunda volta entre os dois primeiros candidatos mais votados.

Os eleitores também elegeram 529 deputados.

Na semana passada, o Escritório dos Direitos Humanos das Nações Unidas denunciou "a deterioração da situação dos direitos humanos" antes da votação de quinta-feira, exortando ao Governo a tomar medidas para prevenir a violência eleitoral.

O HCDH relatou numerosas violações dos direitos humanos, incluindo casos de prisão e detenção arbitrárias bem como torturas.

Cinquenta e cinco pessoas morrera em novembro último em motins e protestos contra a detenção de Kyagulanyi.

De acordo com informações da imprensa, a União Europeia afirmou, terça-feira, que "o processo eleitoral foi seriamente marcado pelo uso excessivo da força.

Num discurso transmitido pela televisão terça-feira úlima, o Presidente Museveni disse que  parceiros estrangeiros não compreendiam que a força do Uganda vinha do Movimento de Resistência Nacional (NRM), dos militares e da economia.

Centenas de organizações da sociedade civil do Uganda relataram que apenas 10 dos seus mil 900 pedidos de acreditações foram deferidos.

Consequentemente, os Estados Unidos anunciaram também, quarta-feira última, que não enviarão observadores para estas eleições, devido ao indeferimento de 75 por cento de pedidos de acreditação.

De facto, o regulador de comunicações do Uganda ordenou, terça-feira última, a empresas de telecomunicações a bloquearem o acesso a aplicativos de mensagens e de redes sociais, logo depois de o Facebook ter declarado ter fechado contas "falsas"  ligadas ao Governo ugandês.

-0- PANA MA/BAI/IS/MAR/DD 14janeiro2021