Agência Panafricana de Notícias

ONU exorta África a renegociar compromissos de financiamento

Sirtes- Líbia (PANA) -- Os países africanos devem aproveitar das discussões em curso relativas a um novo acordo sobre as mudanças climáticas para negociar novos compromissos de financiamento, estimou o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-Moon, na abertura da cimeira da União Africana (UA), quarta-feira em Sirtes, na Líbia.
Numa mensagem lida em seu nome pela Secretária-Geral Adjunta da ONU, Asha Rose M igiro, o patrão da ONU indica que a África tem uma oportunidade de negociar novos compromissos de financiamento das suas necessidades agrícolas e ao mesmo tempo reclamar pelo o cumprimento das promessas precedentes.
Partilhando a sua opinião, o presidente da Comissão da UA, Jean Ping, disse que a África é uma região que mais sofre das mudanças climáticas, apesar de ter pouca responsabilidade pelas emissões de gás com efeito de estufa acusadas de estar na origem da agravação dos efeitos das mudanças climáticas.
Ban recordou que o mundo está confrontado à pior crise económica desde há 60 anos, marcada por uma alta contínua dos preços dos produtos alimentares e do petróleo.
Segundo ele, a luta contra as mudanças climáticas é essencial para aumentar a produção agrícola, acrescentando que a subida vertiginosa dos preços dos produtos alimentares é o resultado de péssimas políticas agrícolas e da ausência de políticas apropriadas.
Constatou que os progresso para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio estão muito lentos e que a África está de novo confrontada com o flagelo das mudanças não constitucionais de governo.
Ressaltou que os golpes de Estado em África pertenciam ao passado e que os confltos violentos continuam a afectar vidas de milhões de pessoas.
Para Ban Ki-moon, estes desafios exigem uma acção constante dos dirigentes africanos.
Advogou uma acção colectiva dos dirigentes africanos para lutar contra a pobreza no continente exortando-os a servirem-se desta cimeira para se mobilizar a favor da proteção dos mais pobres e dos mais vulneráveis fazendo com não hajam novas pessoas a viver nesta condições.
Na sua óptica, investir na agricultura é benéfico pois, frisou, a agricultura é a pedra de toque do desenvolvimento de todas as regiões e o número de Africanos a viver em zonas urbanas duplicou desde 1965 e 70 por cento dos Africanos vivem ainda no meio rural e dependem da agricultura de onde tiram as suas fontes de rendimento, que, para a maioria, é o meio de subsistência.
Disse igualmente que o investimento na agricultura cria empregos e pode tornar o crescimento mais sustentável e aumentar a segurança alimentar e nutrimental, pois, disse, o investimento agrícola pode também ter impactos profundos na igualdade social melhorando a situação das mulheres que representam o essencial dos pequenos exploradores agrícolas em África.
O SG da ONU sublinhou que o reforço da autonomia das mulheres (pequenas) exploradoras agrícolas deve inscrever-se num objectivo mais vasto que é velar para que as mulheres desempenhem papéis de liderança nas áeras política, económica e do desenvolvimento social.
O diplomata sul-coreano ao serviço da ONU ressaltou que, de acordo com algumas estimativas, um dólar americano investido na agricultura em África tem duas a três vezes mais impacto sobre a pobreza do que o mesmo valor investido noutros sectores, recordando que, até recentemente, a agricultura foi muitas vezes negligenciada nas estratégias nacionais de desenvolvimento.
"Cerca de 265 milhões de pessoas na África Subsariana estáo famintas, ou seja um aumento de quase 12 por cento em relação ao ano passado.
As crianças na África Subsariana têm um peso insuficiente em relação à sua idade.
A desnutrição jugula em permanência as suas perspectivas de sobrevivência, crescimento e desenvolvimento a longo prazo", denunciou Ban Ki-moon.
Para ele, a já excessiva situação deverá piorar e as Nações Unidas projectaram que a taxa de crescimento económico em África apenas será de 0,9 por cento em 2009 contra 4,9 por cento em 2008, ao passo que a pobreza em geral aumentará 1,2 por cento em 2009 em relação ao ano 2008.