Agência Panafricana de Notícias

ONU duvida da colaboração de Mugabe no governo de unidade nacional

Addis- Abeba, Etiópia (PANA) -- O Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, exprimiu sérias reservas quanto à vontade do Presidente zimbabweano, Robert Mugabe, de partilhar o poder com o chefe da oposição, Morgan Tsvangirai.
Ki-Moon declarou que o acordo alcançado não traria provavelmente a paz de que o país tanto necessitava.
Falando durante uma conferência de imprensa em Addis Abeba, a capital etíope, Ki-Moon declarou-se preocupado pelo facto de que a intransigência de Mugabe agravou a crise humanitária no Zimbabwe atingindo proporções insuportáveis.
O diplomata sul-coreano indicou que, para melhorar a situação, a ONU enviou uma equipa de médicos e nutricionistas a fim de avaliarem a situação no terreno e que as conclusões que sairão desta visita determinarão as decisões de intervenção no Zimbabwe.
"Apesar de eu me ter congratulado com a decisão de Tsvangirai de entrar no governo penso sempre que a situação continua imperfeita", declarou Ki-Moon, referindo-se ao anúncio na semana passada segundo o qual Morgan Tsvingirai, líder do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), aceitou partilhar o poder com Mugabe.
O responsável máximo da ONU revelou ter conversado com o Presidente zimbabweano à margem da XII cimeira dos chefes de Estado da União Africana, na capital etíope, convidando-o a "respeitar os direitos humanos e a libertar todos os prisioneiros políticos".
"A causa da precaridade neste país tem a ver com a decisão de Mugabe de atribuir ao seu partido, a União Nacional Africana do Zimbabwe- Frente Patriótica (ZANU-PF), os ministérios chaves deixando ao MDC departamentos menos importantes", disse.
Este acordo de partilha de poder foi negociado na sequência de controversas eleições presidenciais no termo das quais Mugabe, de 85 anos de idade, foi acusado de se ter recusado a reconhecer a sua derrota para ceder o poder à oposição.
Ban Ki-Moon declarou que Mugabe garantira durante uma reunião domingo que iria respeitar as promessas por ele feitas às Nações Unidas.
O impasse político provocou uma crise alimentar agravada por uma epidemia de cólera que fez três mil 200 mortos em 60 mil casos.
Cerca da metade da população zimbabweana estimada em 12 milhões de habitantes está confrontada com uma crise humanitária que provocou um fluxo de mais de cinco milhões de refugiados para países vizinhos.