Agência Panafricana de Notícias

ONU cria nova rede para prevenir violências contra mulheres

Addis Abeba- Etiópia (PANA) -- O Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, lançou quarta-feira um grupo, a rede de homens líderes, que representa uma iniciativa nova que reúne antigos e actuais políticos, activistas, figuras religiosas e comunitárias com o objectivo de combater as violências contra as mulheres.
O lançamento teve lugar por ocasião do décimo aniversário do Dia Internacional para a Eliminação das Violências contra as Mulheres, comemorado a 24 de Outubro.
Estes homens vão acrescentar as suas vozes ao coro mundial para a acção, afirmou Ban, que ressaltou que 70 por cento das mulheres são vítimas durante a sua vida duma forma de violência física ou sexual da parte dos homens, na maior parte dos seus maridos, parceiro íntimo ou alguém que conhecem.
"Na hora em que lanço esta rede, apelo a todos os homens e meninos do mundo inteiro a juntarem-se a nós.
Quebrem o silêncio.
Quando testemunharem uma violência contra uma mulher ou uma menina não fiquem sem fazer nada.
Ajam.
Defendam.
Unam-se para mudar as práticas e atitudes que incitam, perpetuam e toleram a violência", ressaltou.
"As violências contra as mulheres e as crianças não serão erradicadas enquanto todos os homens e meninos não recusarem tolerá-las", insistiu.
Cada membro da rede, parte integrante da campanha "Unam-se para Acabar com a Violência contra as Mulheres" que Ban lançou no ano passado, vai trabalhar para apoiar os esforços de longa data das mulheres e das organizações da sociedade civil no mundo, levando a cabo acções de sensibilização pública e advogar a favor de leis adequadas, segundo um comunicado de imprensa da ONU divulgado quarta- feira.
Entre os membros da nova rede figuram Juan Carlos Arean, director de programa no Fundo de Prevenção da Violência Familiar, Gary Barker do Centro Internacional para a Pesquisa sobre Mulher, Ted Bunch, co- fundador da Associação Nacional dos Homens e Mulheres Engajadas para Acabar com a Violência contra a Mulher, Paulo Coelho, escritor brasileiro e embaixador para a paz da ONU, e Franco Fattini, ministro italiano dos Negócios Estrangeiros.
Outras figuras famosas tais como o antigo Presidente da Colômbia e secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Cesar Gaviria Trujillo, o antigo Presidente chileno, Ricardo Lagos, o primeiro- ministro espanhol, Jose Luis Rodri­guez Zapatero, o ministro norueguês da Polícia e Justiça, Knut Storberget, e o laureado do Prémio Nobel da Paz, o arcebispo Desmond Tutu da África do Sul constam igualmente da lista.
Numa mensagem separada para marcar o Dia Internacional para a Eliminação das Violências contra as Mulheres, Ban afirmou que o objectivo era pôr termo a estes crimes imperdoáveis que são o uso do estupro como arma de violência de guerra, a violência conjugal, o tráfico sexual ou os supostos crimes de honra como as mutilações genitais femininas.
"O mundo deve atacar-se às raízes da violência erradicando a discriminação e mudando as mentalidades que a perpetuam", sustentou Ban, acrescentando que "devemos pedir contas para as violências e tomar medidas concretas para parar com a impunidade e devemos escutar e apoiar as vítimas".
"O meu compromisso a favor desta questão não é apenas pelo facto de ser Secretário-Geral da ONU mas também enquanto filho, marido, pai e avô", afirmou Ban durante uma conferência de imprensa.
Os homens têm um papel chave a desempenhar enquanto pais, amigos, decisores e líderes comunitários e de opinião para acabar com tais violências.