Maputo, Moçambique (PANA) - Mais de 20.000 pessoas, das quais 10.000 crianças, estão deslocadas no norte de Moçambique, devido à escalada do conflito e à violência, alertou uma agência das Nações Unidas.
Num comunicado publicado terça-feira última, o Escritório da Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA, sigla em inglês), frisou que o número de pessoas afetadas pelo fenómeno pode ser mais elevado.
Muitos ficam nas suas comunidades, fogem nas matas e regressam às suas casas tão logo que a segurança o permita, informou o OCHA.
Entre as pessoas afetadas que ficam nas suas comunidades, vários são repatriados deslocados que regressaram às suas regiões de origem quando a ajuda humanitária diminuiu drasticamente nas zonas de deslocação, principalmente no sul do Cabo Delgado, a partir de 2023.
A província do Cabo Delgado continua a ser palco de uma insurreição levada a cabo por um grupo filiado na organização do Estado Islâmico.
Desde finais de agosto, assiste-se a um recrudescimento da violência, com grupos armados não estatais (GANE) a lançar ataques repetidas paralelamente às operações militares do Exército que prejudicaram civis, revelou a fonte.
A agência onusina informou igualmente que, na parte nortenha daquele país da África Austral, a violência está a atingir um nível recorde em 2025, com 519 ataques assinalados em finais de agosto último, contra 448 em 2022.
Nestas investidas, são utilizados engenhos explosivis improvisados e e operações militares.
A maioria dos incidentes são ataques perpetrados por grupos armados não estatais contra civis.
Segundo UN News (órgão de imprensa das Nações Unidas), os distritos afetados são Ancuabe, Balama, Chiúre, Macomia, Mocímboa da Praia, Montepuez, Muidumbe, Nangade e Memba, na província de Nampula.
Os mesmos ocasionaram raptos de civis, o rapto de um trabalhador huymanitário, que foi liberto últimamente, pilhagens, assassinatos, incêndios a casas, exigências de resgates e a captura de civis, durante bombardeamentos aéreos,
Também há cada vez mais preocupações por parte dos actores da proteção da crianças que reclamam de crianças não acompanhadas e separadas das suas respetivas famílias devido aos ataquea dos GANE e às deslocações da população.
As buscas e o reagrupamento familiar estão muito limitados em Macomia e Montepuez, devido a constrangimentos ligadas ao acesso.
Relatórios dos atores no terreno apontam para graves violações , nomeadamente incidentes de morte ou mutilação de crianças causadas por engenhos explosivos improvisados, e por riscos de casamentos precoces em contextos de deslocação.
No cômputo geral, o conflito e a insegurança por si gerada, afetaram operações humanitárias nas últimas semanas, implicando a suspensão temporária das mesmas em certas zonas da referida província.
Pesem embora estes obstáculos, as agências humanitárias controlam a situação a fim de fornecer uma assistência inicial “a despeito de recursos limitados por causa dos constrangimentos financeiros e mundiais”, disse o OCHA.
Planos estão igualmente em curso com vista ao desdobramento de equipas de avaliação em Nangade, Muidumbe e Macomia.
-0- PANA MA/NFB/JSG/DD 01out2025
