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OGDH saúda resultados de inquéritos sobre massacres na Guiné-Conakry

Conakry- Guiné-Conakry (PANA) -- O presidente da Organização Guineense dos Direitos Humanos (OGDH), Thierno Maadjou Sow, exprimiu segunda- feira a sua satisfação pela publicação do relatório dos inquéritos da Comissão Internacional das Nações Unidas sobre os massacres perpetrados a 28 de Setembro último em Conakry.
A conclusão sobre "crimes contra a humanidade" evocada pelo chefe dos inquiridores, Mohamed Bedjaoui, e pelos seus dois colegas "é justa" porque houve matanças, violações em público e pessoas atacadas devido à sua etnia ou à sua religião, sublinhou Sow em entrevista à PANA em Conakry.
"Desejo que o Tribunal Penal Internacional (TPI) intente processos contra todos os que causaram a repressão selvagem das forças da ordem contra civis desarmados no estádio onde eles desejavam organizar uma manifestação pacífica", acrescentou.
Os três juízes foram enviados pelas Nações Unidas em Novembro passado à Guiné-Conakrye, onde se reuniram com dezenas de pessoas e vítimas, parentes de vítimas, médicos e membros da Junta no poder.
Eles responsabilizaram o chefe da Junta, Moussa Dadis Camara, o seu ex-adjudante de campo, Aboubacar "Toumba" Diakité, o capitão Claude Pivi, ministro da Segurança Presidencial e o comandante Moussa Tiégboro Camara, ministro encarregue da Luta contra o Grande Banditismo e Droga pelo massacre.
Aboubacar "Toumba" Diakité, actualmente em fuga, tentou recentemente assassinar Moussa Dadis Camara, que está em tratamento num hospital em Marrocos.
A ONG Human Rights Watch pôs igualmente em causa recentemente vários membros da Junta, que acusa de terem cometido "crime contra a humanidade".
O presidente da OGDH afirmou que o problema fundamental da Guiné- Conakry é a impunidade, porque desde a independência, em 1958, "crimes horríveis" são cometidos pelos poderes públicos que desrespeitam a pessoa humana.
A 28 de Setembro último, durante uma manifestação pacífica da oposição no estádio do mesmo nome em Conakry, as forças da ordem dispararam balas reais contra os manifestantes, fazendo mais de 150 mortos e pelo menos mil e 200 feridos, e violaram mulheres e raparigas, segundo as Nações Unidas e ONG.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) designou, durante uma Cimeira dos Chefes de Estado em Abuja, na Nigéria, o Presidente do Burkina Faso, Blaise Compaoré, como medianeiro da crise guineense.