Agência Panafricana de Notícias

Novo Presidente eleito do Burundi herda passivo diplomático pesado

Bujumbura, Burundi (PANA) - O novo Presidente burundês, Evariste Ndayishimiye, tem como principal prioridade preencher o vazio diplomático no qual o Burundi está mergulhado, depois das eleições gerais anteriores, controversas e manchadas por atos de violência, em 2015, dizem analistas em Bujumbura.

A diplomacia sempre desempenhou um grande papel neste país dos Grandes Lagos africanos, com recursos limitados, dependente, em mais de 50 por cento das suas necessidades, de ajudas externas.

Os esforços para a normalização das relações diplomáticas deviam ser concentrados, principalmente nas com a União Européia (UE) e com Estados Unidos de América, segundo os mesmos analistas.

As duas potências mundiais são os principais parceiros técnicos e financeiros históricos do Burundi.

Do lado europeu, o novo Governo do Burundi deve priorizar o levantamento de sanções financeiras e diplomáticas que pesam muito sobre o país, em virtude do artigo 96 do Acordo de Cotonu (Benin), assinado a 23 de junho de 2000, por 20 anos.

O presente acordo enquadra as relações entre a UE, por um lado, e, por outro, os países de África, Caraíbas e Pacífico (ACP).

O desrespeito desta cláusula (artigo 96), no tocante aos direitos humanos, levou a UE a congelar mais de 432 milhões de euros a favor do Burundi durante o período inicial, ou seja, de 2014 a 2020.

As partes do acordo de 2000 reconhecem que os direitos humanos, os princípios democráticos e o Estado de Direito são componentes "essenciais" da sua parceria e pilares "fundamentais" do desenvolvimento sustentável.

As sanções ainda não foram levantadas, na medida em que a UE continua "profundamente preocupada" com a situação dos direitos humanos no Burundi ", que estorva qualquer iniciativa de reconciliação, de paz e de justiça" no país.

Do lado americano, tratar-se-á, para o novo regime, de renegociar a elegibilidade do Burundi à "Lei de Oportunidades e Crescimento Africano" (AGOA).

Foi depois da crise de 2015, precisamente a eleição do então chefe do Estado burundês, Pierre Nkurunziza, para um terceiro mandato inconstitucional, que o então regime americano, liderado po Barak Obama, decidiu retirar o Burundi dos países africanos sucetíveis de beneficiar de facilidades  comerciais no território americano.

O Governo de Donald Trump, atual Presidente dos Estado Unidos,  acabou de tomar nota dos resultados das eleições presidenciais  "menos problemáticas" do que as de 2015,, ocorridas a 20 de maio último, no Burundi,

Porém, mantêm-se as relações diplomáticas do Burundi com a Rússia, a China,  a Índia e a Turquia, entre outros países asiáticos.

Contrariamente ao Ocidente, estes "países amigos" da Ásia e da Europa Oriental intensificaram as relações de cooperação bilateral com o Burundi.

É deste lado que o novo Presidente eleito do Burundi recebeu mais mensagens  de felicitações.

No continente africano, uma mensagem de parabéns, vinda do vizinho Rwanda, ao novo chefe do Estado burundês eleito chamou a atenção da opinião pública, em particular, em Bujumbura.

Numa breve declaração do Ministério dos Negócios Exteriores do Rwanda, o Governo rwandês parabenizou o Presidente eleito da República do Burundi, o major-general Evariste Ndayishimiye.

O Governo do Rwanda aproveita esta oportunidade para exprimir a sua vontade de trabalhar para melhorar as relações "históricas" entre os dois países irmãos, lê-se na missiva.

O Presidente burundês cessante, Pierre Nkurunziza, considerava o Rwanda como um "país inimigo", que acusava de "ingerência  nos assuntos internos do Burundi."

-0- PANA FB/TBM/MAR/DD 08junho2020